Setores do capital partem pro ataque. Falsamente, tentam atribuir a alta abusiva nos preços dos combustíveis ao salário dos frentistas. E retomam a tese do selfie-service em postos. Domingo, a Folha de S. Paulo repercutiu a tese esdrúxula.
A mudança é defendida por alguns segmentos de revenda. Mas é rechaçada por Sindicatos de Frentistas e vista com pouco entusiasmo pela própria Fecombustíveis, entidade patronal.
O selfie-service nos postos foi proibido por lei em 2000 – de autoria de Aldo Rebelo, sancionada pelo presidente Fernando Henrique. As entidades de classe da categoria comandaram uma forte mobilização, na época, que se tornou vitoriosa.
Eusébio – Eusébio Luís Pinto Neto, presidente da Fenepospetro (Federação Nacional dos Frentistas), argumenta: “O Dieese mostra que o salário é irrisório no custo final do combustível. Mal chega a 1.80% do preço cobrado dos clientes”.
Dirigente histórico, Francisco Soares de Souza, observa: “São 500 mil trabalhadores. Multiplicando-se por quatro, o tamanho de uma família média, a gente verifica que dois milhões de pessoas vivem diretamente desse trabalho. É um impacto muito grande”. Chico vai além e diz: “Quem está num posto com 20, 30 anos não vai arrumar serviço em outro lugar. Não está preparado para outra profissão”.
Um dos projetos atuais é do deputado federal Vinícius Poit (Novo-SP) e se encontra na Comissão específica da Câmara. A Emenda de Kim Kataguiri (DEM-SP) a uma MP não integrou o texto final da Medida 1.063. Quarta a matéria deve ser votada na Comissão de Desenvolvimento Econômico.
Arrocho – Na Folha, o presidente do Paranapetro afirma que a redução dos custos trabalhistas poderia representar corte de até 5% no preço final dos combustíveis. O Dieese prova que não: o salário do frentista mal chega a 1.8%.
Tempo – Para a Fecombustíveis (patronal), implantar do autosserviço teria pouco efeito nos preços. Primeiro, porque a maioria dos postos fica em terrenos pequenos, que dificultam o abastecimento de vários veículos ao mesmo tempo. E, quanto mais tempo o abastecimento demora mais caem as vendas. O frentista leva 2 minutos e 40 segundos, em média, pra encher o tanque. No selfie-service, 10 minutos.
Mesmo a entidade empresarial alerta sobre o risco de desemprego dos frentistas num momento em que o mercado de trabalho atravessa grave crise. O setor hoje emprega 500 mil, que iriam para o limbo do desemprego.
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(Reportagem de Nicola Pamplona – RJ)