16.1 C
São Paulo
quarta-feira, 14/05/2025

Deforma trabalhista – João Guilherme Vargas Netto

Data:

Compartilhe:

Notícias alvissareiras chegadas da Espanha precipitaram aqui, nos mundos político, empresarial e sindical, a discussão sobre o cancelamento da deforma trabalhista de Temer, o que teve a grande virtude de colocar o mundo do trabalho no centro das preocupações com os adversários dos trabalhadores, abrindo seu jogo reacionário.

Na busca de informação precisa sobre a iniciativa do governo socialista espanhol, ressalte-se a conferência virtual e presencial organizada pela Fundação Perseu Abramo, da qual participaram políticos daquele país, o ex-presidente Lula e dirigentes das Centrais Sindicais.

Tenho escrito que a deforma trabalhista de Temer (agravada em seus procedimentos e efeitos pelo governo Bolsonaro) foi uma ruptura, depois de várias décadas, do pacto existente entre a sociedade brasileira e o movimento sindical. Para sua revogação ou revisão torna-se necessária uma nova repactuação.

Esta repactuação depende fundamentalmente da realização, pelo movimento sindical, de uma nova Conclat – Conferência Nacional da Classe Trabalhadora – na qual os trabalhadores apontassem para si próprios, para a sociedade, para os políticos e os candidatos uma plataforma de reivindicações, urgentes e permanentes, bem como sua disposição unânime em contribuir para superação da crise nacional.

Ao fazer isto estabeleceriam também as bases de uma legislação trabalhista e sindical avançada (a ser discutida no modo tripartite com empresários e governo), que garantisse os direitos constitucionais e ampliasse os infraconstitucionais (como a política de valorização do salário mínimo), enfrentando as questões suscitadas pela própria deforma, pelas novas relações de trabalho, pela informalidade, pelo desemprego e a pandemia.

A Conclat reforçaria também a participação dos trabalhadores na escolha e eleição de candidatos a deputados e senadores afinados com seus interesses. Sem uma bancada unida e favorável, seria muito difícil a revogação ou revisão da deforma e de seus efeitos nefastos.

Em resumo: para superar o voluntarismo e o açodamento nesta questão, exige-se Conclat representativa, plataforma unitária, bancada progressista e legislação trabalhista avançada.

Clique aqui e leia mais artigos de João Guilherme Vargas Netto.

João Guilherme
João Guilherme
Consultor sindical e membro do Diap. E-mail joguvane@uol.co.br

Conteúdo Relacionado

Equilíbrio e Dignidade – Luiz Carlos Motta

O mês do trabalhador, em função do 1º de Maio, é de reconhecimento, mas também de reflexão. E uma das pautas mais urgentes que...

A quem interessam sindicatos fracos? – Murilo Pinheiro

Entidades representativas dos trabalhadores são essenciais ao funcionamento da democracia e à construção de um País com prosperidade e justiça social. Só os que...

Mesmo com sabotagem, Lula reduz a desigualdade social no país – Eusébio Pinto Neto

A política econômica implementada pelo governo Lula no terceiro mandato teve um impacto significativo no combate ao retrocesso, promovendo o bem-estar e a redução...

Um chamado urgente ao movimento sindical – Antonio Rogério Magri

Que tempos são esses?Hospitais apodrecem, Escolas se desmantelam, e a Violência se alastra como erva daninha nas calçadas da indiferença. Mas a distração reina. Shows, escândalos...

Trabalho é o que não falta – Josinaldo José de Barros (Cabeça)

Maio é o mês do trabalhador e também de grandes datas-bases de categorias profissionais com peso na economia. Também é o Mês das Mães,...