Temos o direito de saber

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José Pereira dos Santos é presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Guarulhos e Região
e secretário nacional de Formação da Força Sindical
E-mail: pereira@metalurgico.org.br

O governo federal foi autoritário e mudou a divulgação das mortes por Covid-19. Na prática, tenta maquiar a realidade, negando à população o direito de saber. Aliás, Bolsonaro disse: muda o horário pra não dar manchete ao Jornal Nacional, da Globo.

Nós, dirigentes sindicais, conhecemos essa manipulação quanto a acidentes e doenças no local de trabalho. Muitas empresas tentam maquiar a CAT (Comunicação de Acidente de Trabalho). Ou seja, tenta tampar o sol com a peneira. Porém, mais dias, menos dias o acidente é descoberto e a empresa pode ser acionada na Justiça.

A boa notícia é que a manobra do governo falhou. Folha, Estadão, O Globo, Extra, UOL e o G1 montaram um sistema unificado de informações, com base nas Secretarias de Saúde dos Estados. As empresas de comunicação deixam de lado a competição e garantem aos brasileiros o direito de saber a verdade. Parabéns à imprensa pela iniciativa.

Na ditadura, o governo censurou a imprensa para que não fosse noticiada uma epidemia de meningite. Naquele tempo até que funcionou. Hoje, não funciona mais. E os atuais protestos nos Estados Unidos provam isso. A morte do cidadão negro George Floyd por um policial foi filmada pelo celular de uma adolescente. As imagens correram o mundo, gerando imensa revolta.

O que funciona é dizer a verdade e a partir disso tomar as medidas de saúde e também orientar a população. O Brasil não é Japão, onde o senso coletivo é muito forte e as pessoas acatam as medidas de higiene e isolamento fixadas pelo governo. Aqui, precisamos ser insistentes nos apelos por higiene, uso de máscara e isolamento social.

Médicos como o dr. Drauzio Varella e o ex-ministro Mandetta alertam que o relaxamento vai piorar a pandemia e as mortes vão crescer. O Brasil, em pouco tempo, deve assumir a liderança macabra de contaminações e mortes. Com uma agravante: as principais vítimas serão os pobres, por desinformação, falta de saneamento e devido à falta de leitos e UTIs na rede pública.

E em Guarulhos? Temos que ser cautelosos. A pressão do poder econômico pela reabertura da economia é forte. Mas a sociedade precisa resistir. As aglomerações em pontos de ônibus, terminais, dentro de ônibus, em lojas e outros setores vão espalhar o vírus entre todos nós.

O prefeito Guti emitiu um Decreto que regula as atividades econômicas, com horários e outros procedimentos. Mas é pouco. O poder público precisa garantir que a rede municipal tem capacidade pra atender ainda mais e melhor. Será que tem? E os ônibus serão higienizados? Os terminais e pontos também serão? De quanto em quanto tempo?

Live – Nesta sexta, dia 12, haverá videoconferência entre o prefeito e sindicalistas, com representantes dos Metalúrgicos (Força Sindical), CUT (Condutores), Comerciários (UGT) e Vestuário (CSB). Será às 10 da manhã, transmissão pelo Facebook do nosso Sindicato. Queremos normas específicas de proteção para as categorias profissionais.