Pode ser esporádico, mas pode indicar uma tendência. O fato é que tem crescido o número de negociações coletivas com reajustes salariais abaixo da inflação.
O Boletim “De olho nas negociações”, do Dieese, em abril, aponta essa tendência. Chega a 20% o número de acordos firmados com índices inferiores ao INPC. Em março, eles foram 8,5%. Em fevereiro, os acordos negativos haviam sido 4,4%; em janeiro, 5,3%.
Ganhos reais também em queda. No período, segundo o Boletim, foi de 67,7% o índice dos acordos acima do INPC. Já os acordos firmados iguais ao INPC foram 12,3%.
Técnico – Segundo Luís Ribeiro, técnico do Dieese, o quadro geral ainda é positivo. “Os dados de março e abril mostram leve tendência de piora. Mas não podemos perder de vista o contexto positivo dos últimos dois anos, que superaram com sobra as negociações coletivas durante o governo Bolsonaro”, explica.
Nos primeiros quatro meses deste ano, 82,4% dos 3.151 reajustes analisados pelo Dieese alcançaram resultados acima da inflação. Quanto aos últimos 12 meses, 83,7% dos 19.706 acordos analisados obtiveram ganhos reais.
Abril – A análise cobre 130 negociações. Essa amostra é considerada pequena, o que pode ter puxado para baixo a média dos resultados positivos – em março foram analisados 574 acordos. Novos números serão agregados ao banco de dados do Dieese ao longo do mês, podendo alterar esse quadro.
Causas – Umas delas é o aumento da inflação em 12 meses, que subiu de 4,56%, em janeiro, pra 5,53%, em abril. “O contexto global está cheio de turbulências por causa das tarifas do governo Trump. Os empregadores podem ter ficado mais cautelosos frente às incertezas internas e externas. Só saberemos se isso é uma tendência nos próximos meses”, afirma Luís.
Maio – É um mês de muitas datas-bases, com categorias mais fortes e maior número de negociações coletivas. Segundo o técnico do Dieese, 25% do total de negociações no ano ocorrem neste mês. O resultado de maio terá grande impacto nos números gerais de 2025, acredita Luís Ribeiro.
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MAIS – Site do Dieese.