A crise mundial dos chips semicondutores, essenciais na fabricação de veículos e eletrodomésticos linha branca, vem se arrastando desde o início de 2021. Diversas montadoras, inclusive, chegaram a paralisar a linha de produção por falta de peças.
Apesar disso, o governo Bolsonaro decidiu fechar o Centro Nacional de Tecnologia Eletrônica Avançada (Ceitec), em Porto Alegre (RS). Trata-se da única fábrica de chips instalada no País. Essa medida tira o Brasil da possibilidade de entrar em um seleto grupo de países autossuficientes nessa tecnologia.
A recomendação de extinção da fábrica foi formalizada pelo conselho do Programa de Parcerias e Investimentos, em 2020, sob alegação de que, apesar de aportes de R$ 800 milhões em duas décadas, a estatal ainda depende de injeções anuais de, pelo menos, R$ 50 milhões, para cobrir diferença entre receita e despesas.
De acordo com Adão Villaverde, ex-secretário de Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Sul, o Ceitec é lucrativo e não depende de dinheiro da União. Em 2021, a empresa foi superavitária e a previsão para 2028 é de lucro de R$ 300 milhões.
A partir disso, pesquisadores tentam sensibilizar o governo sobre os malefícios no encerramento da empresa. O Tribunal de Contas da União (TCU), inclusive, é um dos que se posiciona contra o fechamento da fábrica.
“O Ceitec já produziu 162 milhões de produtos na área de eletroeletrônicos, desde o início de seu funcionamento. São componentes para cartões de crédito, pedágios, automóveis que grande empresas produtoras de chips não produzem, o que amplia o mercado do Ceitec, mas que o governo ignora”, afirma Villaverde.
*Com informações do portal da CUT.