O sindicalismo foi uma das maiores vítimas da ditadura de 1964, que praticou intervenções em entidades, prendeu dirigentes, cassou diretorias, praticou outros abusos e impôs duro e prolongado arrocho salarial aos trabalhadores.
O movimento também sofreu ataques durante os governos Temer e Bolsonaro – ele extinguiu o Ministério do Trabalho e afirmou que “Sindicato só atrapalha”. Bolsonaro ainda atacou a Previdência e congelou o salário mínimo.
Durante os anos Bolsonaro, o sindicalismo foi o segmento social mais ativo em defesa da democracia, por meio de atos, protestos, manifestos e outras iniciativas.
Portanto, os movimentos, abertos ou sorrateiros, do bolsonarismo sempre deixam o sindicalismo em alerta. Não é diferente, agora, quando a Polícia Federal e o Judiciário revelam a trama golpista que incluía até o assassinato do próprio Presidente Lula.
As Centrais CUT, UGT, Força, CTB, CSB, Nova Central e Pública produziram, dia 21, a Nota “Contra o golpismo e pela democracia”. Diz o texto: “É preciso fortalecer o STF, os órgãos de Justiça e as regras eleitorais. Fortalecer, sobretudo, o projeto nacional de desenvolvimento, com inclusão social, geração de empregos de qualidade e com direitos, engajando cada vez mais a população em um permanente aperfeiçoamento do Estado Democrático de Direito”. E afirma: “Sem anistia aos golpistas”!
Leia a Nota Unitária na íntegra:
“CONTRA O GOLPISMO E PELA DEMOCRACIA”
Assistimos com espanto e indignação às revelações da Polícia Federal sobre a trama golpista que tinha como objetivo assassinar o ministro do Supremo Tribunal Federal, Alexandre de Moraes, o vice-presidente e Ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, e o próprio presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva.
Mesmo vindo de um grupo político com notória inclinação golpista, autoritária e avessa à democracia, o grau de violência e desumanidade causa espanto. O caso extrapola a definição, já grave, de conspiração política, e avança para o crime organizado e o terrorismo.
Ainda mais grave quando pensamos que esses elementos estiveram no poder, comandando o governo, sob a presidência de Jair Bolsonaro, entre 2019 e 2023.
Grave também constatar que essa cultura da barbárie, do desrespeito às normas de convívio social, à Constituição e até da vida contaminou parte da população que se dispõe a atuar como agentes dos golpistas, como se viu nos acampamentos pós-eleição, queima de ônibus em 12/12/2022, no ataque e depredação aos Poderes em 08/1/23 e no ato terrorista contra o STF no dia 13/11/2024, em Brasília.
Os acontecimentos revivem a triste memória do golpe de 1964, que iniciou um regime de terror, perseguições, repressão, torturas, assassinatos, arrocho salarial e aumento da dívida externa.
É preciso fortalecer o STF, os órgãos de Justiça e as regras eleitorais. Fortalecer, sobretudo, o projeto nacional de desenvolvimento, com inclusão social, geração de empregos de qualidade e com direitos, engajando cada vez mais a população em um permanente aperfeiçoamento do Estado Democrático de Direito.
É preciso dar celeridade às investigações para conhecer a extensão do plano de golpe e saber quem são todos os envolvidos. É preciso punir de forma exemplar para liquidar a escalada autoritária daqueles que não aceitaram perder as eleições.
Sem anistia aos golpistas!
A democracia, reconquistada a duras penas em 1985, e a Constituição de 1988 devem ser cultivadas a cada dia.
Democracia, democracia, democracia!”
São Paulo, 21 de novembro de 2024.
Sérgio Nobre, Presidente da CUT. Miguel Torres, Presidente da Força Sindical. Ricardo Patah, Presidente da UGT. Adilson Araújo, Presidente da CTB. Antonio Neto, Presidente da CSB. Moacyr Tesch Auersvald, Presidente da Nova Central. José Gozze, Presidente da PÚBLICA, Central do Servidor.