O dia nacional de conscientização sobre o tema, celebrado neste sábado (16/3), é data propícia para que governantes, parlamentares, sociedade civil organizada e os cidadãos em geral reflitam e tomem ações para reverter a catástrofe em andamento.
O Brasil tem, desde 2011, oficialmente um Dia Nacional da Conscientização sobre as Mudanças Climáticas, definido em 16 de março. Vale, portanto, aproveitar a efeméride para reforçar o debate que atualmente precisa estar cotidianamente inserido nas preocupações e iniciativas de todos: Estado, empresas e sociedade civil.
Não mais sujeitos a controvérsias ou negacionismo, o aquecimento global e a crise climática são fatos estabelecidos e precisam ser tratados com a seriedade que o assunto exige. Os eventos extremos cada vez mais frequentes e com impactos mais severos sobre cidadãos de diversas partes do mundo reforçam a evidência dessa realidade e exigem medidas urgentes.
O grande desafio, conforme definido na Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas de 2023 (COP 28), realizada no final do ano passado, em Dubai, é a redução significativa das emissões de gases de efeito estufa, o que pressupõe a substituição dos combustíveis fósseis por fontes limpas. O relatório final do encontro estabeleceu a meta de se atingir a neutralidade de carbono até 2050. Adicionalmente, propõe que a capacidade de energia renovável, em nível mundial, seja triplicada até 2030.
O desafio nada tem de banal, mas deve ser encarado como missão a ser cumprida, e não como mera recomendação que possa ser ignorada. O Brasil tem imensa contribuição a dar e pode assumir posição de liderança na transição energética, tendo em vista nossa matriz já majoritariamente limpa, especialmente em se tratando de geração de eletricidade em que registra quase 85% de uso de fontes renováveis, conforme dados da Empresa de Pesquisa Energética (EPE).
Tal potencial precisa ser aproveitado da melhor forma possível para contribuir com o esforço global de reduzir a poluição e brecar a elevação da temperatura, e também em prol do desenvolvimento sustentável e avanço tecnológicos nacionais. O Brasil, por exemplo, tem grande caminho a percorrer na busca da eletrificação do transporte coletivo e individual, o que pode ser um impulso à neoindustrialização do País, pauta que é urgente.
Nesse contexto, tema em debate é ainda o uso do hidrogênio verde como uma das possibilidades para essa transição em um dos setores que mais emitem gases nocivos à saúde das pessoas e ao ambiente. A questão é objeto de uma parceria entre a Federação Nacional dos Engenheiros (FNE), seus sindicatos filiados e a GIZ, agência alemã de cooperação para o desenvolvimento sustentável. O tema já foi colocado em debate em seminários em São Paulo e Porto Alegre e será debatido em Belém, em maio próximo.
Os desafios ambientais, que estão na pauta da engenharia permanentemente, também serão contemplados na próxima edição do projeto “Cresce Brasil + Engenharia + Desenvolvimento”, a ser lançado em junho, abarcando o tema das mudanças climáticas inseridas nas propostas para a vida nas cidades.
Sigamos trabalhando coletivamente para assegurar a preservação da vida no planeta e condições de vida digna aos brasileiros.
Eng. Murilo Pinheiro, Presidente do Sindicato dos Engenheiros no Estado de São Paulo.