“Contra a submissão ao estrangeiro”, o povo boliviano realizou massivas manifestações em Oruro e Challapata nesta segunda-feira, 12 de outubro, ao lado de Luis Arce Catacora, candidato do Movimento Ao Socialismo (MAS) à presidência.
“Estamos hoje aqui reunidos para celebrar a descolonização do nosso país”, afirmou Arce, sintetizando a relevância da data, frisando que, “há muitos anos, os espanhóis vieram não para nos descobrir, mas para invadir”. “Alguma vez me perguntaram como especialista em economia o quanto de ouro e prata levaram da nossa Bolívia e quanto nos deveriam agora, com os juros”, apontou.
O problema é grave e profundo, disse Arce, pois “temos um governo e candidatos da direita que buscam o retrocesso em vez do desenvolvimento”. “Não roubaram somente nossos respiradores, nossa educação, o café da manhã dos estudantes e nossa saúde, roubaram nosso Ministério da Cultura. Nossos prefeitos e governadores não têm mais dinheiro para tocar as obras, que estão paralisadas, assim como a construção de fábricas” denunciou.
“Tempos de práticas neoliberais”, condenou o candidato masista, “que nos faz recordar a época de Gonzalo Sánchez de Losada, de Jaime Paz Zamora e do próprio Carlos Mesa, que era vice-presidente e depois presidente, e isso não podemos esquecer”.
“Especialmente a nossa juventude não pode esquecer. Mesa estendia a mão como mendigo ao estrangeiro, quando devia trabalhar, como nós trabalhamos todos os dias.
A pobreza não será superada mendigando, mas trabalhando, produzindo”, sublinhou.
“O fato é que roubaram nossa riqueza, mas não roubaram nossa consciência, que nos diz que vamos tirá-los do palácio e ser governo. Temos essa grande responsabilidade”, defendeu Arce. Em função disso, assinalou, “o presente nos obriga a fazer bem as coisas, a não nos equivocar, pois não há espaço. É preciso estar unidos, ir às urnas, votar no MAS de ponta a ponta e depois fiscalizar o nosso voto”. “Precisamos dar o voto também nos nossos deputados e senadores, marcharmos unidos, com voto fechado para garantir mais instrumentos, fazer muitas leis e retomar muitas medidas a favor do povo”, disse.
Voltar à presidência com maioria da Assembleia Plurinacional será essencial, reiterou, “para garantir que nosso lítio não passe às mãos de nenhuma empresa transnacional, para que o gás que havia sido nacionalizado em primeiro de maio de 2006, e foi entregue à elite brasileira, retorne aos bolivianos”. “O Estado, os bolivianos, retomaremos o controle das nossas empresas”, declarou Arce, sob aplausos.
Recuperação – Na avaliação do líder masista – ex-ministro da Economia de Evo Morales – “o certo é que para nós, hoje, deveria ser um dia de festa, de recuperação da nossa cultura, da nossa música autóctone, que conforma o mais belo que temos”. “Afinal, o que seria dos matrimônios sem música, dos romances sem música, dos amores perdidos sem música? O canto, a poesia, a arte e a pintura conformam a cultura de um povo”, apontou, comprometendo-se a reabrir o Ministério da Cultura.
“A descolonização significa recuperar toda esta cultura, que é o que estávamos fazendo com o nosso processo de transformações desde 2006. Recuperamos a cultura quando começamos a governar nós mesmos. Um golpe de Estado sangrento truncou tudo o que vivia o país, mas vamos recuperar neste 18 de outubro”, exortou.
De acordo com o candidato masista, “não pode ser que tanta luta e sangue derramado fique pelo caminho, e está conosco a responsabilidade de recuperar esta revolução democrática e cultural para o povo boliviano”.
“Irmãos, há dor na família boliviana.
Temos percorrido os nove departamentos [estados] com o irmão David Choquehuanca [líder indígena e candidato a vice] e podemos ver que voltou o racismo, voltou o ódio, voltou a discriminação e a prepotência. E isso, irmãos e irmãs, não permitiremos”, enfatizou.
Dirigindo-se principalmente aos artistas regionais, que têm sofrido imensamente com a política de abandono, Arce lembrou que “o folclore é parte da nossa cultura, e também da economia, e vocês a movem”. “Por isso vamos aproveitar todo nosso enorme potencial artístico e cultural para impulsionar o país para frente. Não podemos baixar a cabeça. Sei que nossos músicos têm passado por momentos muito difíceis. Por dez meses não puderam trabalhar, entendo perfeitamente. Isso passou também com os artistas, os pintores, os poetas, todos vi passando por sérios problemas. Por isso vamos afirmar uma política nacional para aumentar o patrimônio cultural que temos. Viva a Bolívia”, concluiu.