Quem não leu perdeu!
A greve de 79 contada pelos grevistas
A imprensa sindical já produziu materiais antológicos. Mas se há os bons há também os melhores. E um dos melhores, sem dúvida, é o livro-reportagem “A greve na voz dos trabalhadores – da Scania a Itu”, com depoimentos dos próprios trabalhadores grevistas recolhidos pela equipe da Oboré (Sérgio Gomes, João Guilherme, Laerte, Marise e outros). Miolo em papel jornal.
A publicação é o número 2 da coleção “História Imediata”, da antiga editora Alfa-Omega e data de 1979. Foi o ano das greves (da Scania a Itu), que estouraram no mês de maio. A apresentação, curta e boa, é de D. Paulo Evaristo Arns e o prefácio ficou a cargo do ex-presidente dos Metalúrgicos de Santos e deputado federal (comunista) cassado, Marcelo Gato.
Editores – Na página 5, antes do depoimento do operário Gilson, há uma “Nota dos Editores”, que é uma joia. O operário citado é Gilson Menezes, da SAAB Scania, que se destacou primeiro na greve e depois na política, sendo eleito prefeito de Diadema e deputado estadual.
Joaquinzão – Claro e firme, contrariando certas expectativas, é o depoimento de Joaquim dos Santos Andrade. Diz o então presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo: “Todo dirigente sindical está farto de aturar mordaça e ver regulamentos e leis postos e impostos”. E mais: “Eu nunca liguei para legislação de greve. Nós sempre fizemos greve aqui em São Paulo sem dar confiança para a Lei 4.330”.
Lula – E o então presidente do Sindicato de São Bernardo do Campo e Diadema o que diz? “Eu acho que o econômico e o político são dois fatores que a gente não pode desvincular. Eu acredito que o resultado da greve foi político. A luta foi por salário, mas a classe operária, ao brigar por salário, teve um resultado político em sua movimentação. Eu, por exemplo, nunca tinha estado numa greve. Não tinha nenhuma experiência…”
P.S. – Só mesmo numa noite de insônia a gente acaba reencontrando esse tipo de material!