O recente ataque a um assentamento em Tremembé (Interior paulista) ligou o sinal vermelho da questão fundiária. Dois foram mortos por jagunços e outros estão gravemente feridos.
O presidente dos Metalúrgicos de Guarulhos e Região, Josinaldo José de Barros (Cabeça), publicou no Guarulhos Hoje, dia 15, o artigo “Reforma agrária, urgente!” Ele lembra: “O Brasil tem 8.510.000 quilômetros quadrados. Aqui tem terra pra todos”.
No entanto, observa, “a terra está nas mãos dos grandes proprietários, que há séculos se enriquecem com a especulação, exploração de camponeses ou mesmo trabalho escravo”.
O dirigente lamenta que, “hoje, boa parte da produção seja exportada e dolarizada”. E muito do trabalho no campo trabalho é mecanizado, “gerando poucos empregos, com salários precários”, observa. O ataque em Tremembé é coisa mandada. Cabeça cobra punição.
Para o dirigente metalúrgico, “a solução da questão depende a uma reforma agrária bem feita, com suporte financeiro e técnico, pois a pequena propriedade é quem produz comida pra gente”. Josinaldo Cabeça alerta que os ricaços do agronegócio têm bancada própria no Congresso, financiam políticos e exercem um poder espúrio no País.
Guarulhos – Município tem 3.200 glebas devolutas, que terras poderiam servir à construção de habitações, escolas ou unidades de saúde. Porém, ele observa, “ninguém quer mexer com cachorro grande”.
O líder metalúrgico lembra que o Presidente João Goulart, ao propor as reformas de base, deu ênfase à questão agrária. Ele diz: “Jango queria entregar 100 mil tratores aos pequenos proprietários. A mecanização faria uma revolução no campo. Mas a direita derrubou o Presidente em 1964”. Sem ter onde produzir, milhões migraram pra cidade, provocando favelização, violência e todo tipo de degradação.
Em 1534, Portugal dividiu o Brasil em 15 Capitanias, fato que está na raiz da concentração agrária. Segundo Cabeça, muitos dos que ainda mandam no País descendem dos donatários. Ele afirma: “O latifundiário de ontem é o CEO do agro hoje”. Cabeça adverte: “Sem reforma agrária, o Brasil seguirá no atraso”.
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