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quinta-feira, 21/11/2024

Presidente Cabeça ressalta vigor do Sindicato

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Entrevista com o presidente Josinaldo José de Barros (Cabeça) à Revista “METALÚRGICOS”, edição comemorativa dos 60 anos do Sindicato dos Metalúrgicos de Guarulhos e Região. Ele destaca os marcos que fazem da da entidade um dos principais Sindicatos brasileiros.

O presidente valoriza a continuidade do projeto dos nossos fundadores, em 30 de abril de 1963; a construção de um patrimônio sólido; a ampla rede de lazer; a ação sindical cotidiana na base; o grande número de acordos por pagamento da Participação nos Lucros e ou/Resultados; o aumento na sindicalização; as conquistas da Convenção Coletiva de Trabalho; e a permanente participação da base nas decisões de interesse da categoria.

Cabeça também destaca os compromissos do Sindicato com a democracia. Ele afirma: “Só quem viveu debaixo do porrete da ditadura sabe valorizar o doce sabor da liberdade”.

ORIGEM – “Sou pernambucano de Vertentes. Migrei pra Guarulhos em 1983. Entrei no setor metalúrgico em 1986. Cheguei à direção sindical no ano 2000. Fiz minha carreira sindical na Borlem, em Itapegica, tinha dois mil funcionários e era um pessoal muito ativo. Foi minha terceira fábrica em Guarulhos”.

COLETIVO – “O trabalho coletivo é uma das marcas do nosso Sindicato. Isso inclui a ação da diretoria e também a participação dos funcionários. O próprio Cláudio, que está nos filmando, tem mais de 30 anos de casa. A Tereza trabalha aqui desde a fundação da Associação, quando ainda nem éramos Sindicatos”.

CONTINUIDADE – “As seguidas gerações de diretores que por aqui passaram conseguiram consolidar uma cultura de continuidade no Sindicato, sem rupturas. Uma diretoria sempre dá sequência ao trabalho da anterior. A partir da experiência dos que por aqui passaram, os que chegam dão sequência ao trabalho sindical e buscam sempre novos avanços. Prezo muita essa continuidade produtiva”.

PATRIMÔNIO – “Temos a sede aqui no Centro, com seis andares, o estacionamento em frente à nossa sede, as duas subsedes próprias também em Arujá e Mairiporã (no distrito de Terra Preta), nossa Colônia de Férias em Caraguatatuba e o Clube de Campo no Parque Primavera, o melhor da região”.

O CLUBE – “São sete alqueires no total. Uma parte nos é cedida em comodato pela Prefeitura, com autorização da Câmara Municipal. Mas a área onde ficam, por exemplo, o Campo e o Ginásio Poliesportivo é própria. Foi comprada pelo Sindicato. O Clube de Campo é o orgulho da categoria. Tudo aqui é bom: o parque aquático, o pesqueiro, a piscina aquecida, a prainha, os quiosques, o campo com gramado sintético, o ginásio poliesportivo. Os frequentadores gostam de todo o Clube. E valorizam muito esse grande equipamento de lazer”.

ATUAÇÃO SOCIAL – “Atuamos além da porta de fábrica. O Instituto Cultural e Esportivo Meu Futuro, dentro do Clube, foi fundado há mais de 20 anos. Temos, desde lá, parceria com o Sindicato dos Metalúrgicos da Bélgica, que nos dá apoio financeiro anual. Mas buscamos parcerias com empresas e governos. O governo do Estado fornece leite e a Prefeitura também nos ajuda. Por ser uma entidade legalmente constituída, podemos receber Emendas legislativas, e recebemos uma do deputado Márcio Nakashima (PDT-SP).

Os 70 alunos atuais recebem complementação escolar e se alimentam (?) no Instituto. Eles têm aula da inglês, de informática, fazem artesanato e um professor dá aulas de educação física. O leite vai para as famílias carentes do Primavera, Vila União e região”.

ROTINA DE TRABALHO – “Somos 23 diretores, porque perdemos o companheiro Adriano Madeira, da Usiminas. Nossa rotina é puxada, de domingo a domingo. De segunda a sexta, ação nas fábricas, a partir das 5 da manhã. De sábado e domingo, presença no Clube de Campo, pra orientar os frequentadores, acompanhar o futsal o futebol de campo de outras atividades.

Cinco dos novos diretores continuam trabalhando nas fábricas, mas ajudam o grupo nos finais de semana. Temos cinco setores que cobrem a base em Arujá, Mairiporã, Santa Isabel e Guarulhos. Quando um setor tem desfalque, o outro ajuda a cobrir, num trabalho coletivo contínuo.

Quando trabalhava em fábrica, um companheiro cobria a necessidade do outro, um setor supria a carência do outro. Aqui no Sindicato, é do mesmo jeito, porque o empenho coletivo traz melhores resultados para o projeto”.

PLR – 14º salário – A Lei manda pagar 13º salário, e o trabalhador espera por esse dinheiro. Uma outra lei prevê pagar PLR – Participação nos Lucros e/ou Resultados da empresa. Mas precisa da participação do Sindicato na negociação pra que o acordo tenha validade legal. Então, o metalúrgico também espera a PLR, que é uma espécie de 14º salário.
Posso dizer que os acordos de PLR têm crescido e são uma das marcas consolidadas por nosso Sindicato nos últimos 20 anos. Mas nem todos ainda recebem e a diretoria luta pra que 100% da nossa base venham a receber a Participação.

10 CONVENÇÕES – “A Convenção Coletiva de Trabalho propicia ao trabalhador aquilo que não está garantido em Lei. Na nossa base, são 10, conforme os ramos produtivos do setor metalúrgico.

Uma vitória importante foi termos resistido à reforma trabalhista de Temer e aos ataques do último governo. Não perdemos um só direito ou garantia, e isso é resultado da ação do nosso Sindicato, dos demais 52 Sindicatos Metalúrgicos ligados à Força Sindical no Estado e à coordenação pela nossa Federação estadual, presidida pelo companheiro Eliseu Silva Costa.

A Federação joga um papel importante, ao coordenar as negociações e fortalecer o trabalho coletivo, porque, quando ocorre uma greve ou uma luta, numa das bases, um Sindicato ajuda o outro”.

SAÚDE E CIPA – Nós temos aqui o Departamento de Saúde e Segurança do Trabalhador. Esse trabalho é amplo e apoia muito as Cipas. A Comissão Interna de Prevenção de Acidentes é uma forma de organização sindical. Eu fui cipeiro na Borlem e muitos dirigentes também começaram na Cipa. O cipeiro primeiro olha questão da segurança, mas depois vai vendo que há outras demandas, e elas acabam chegando ao Sindicato.

O Departamento de Saúde, com suporte do Jurídico, já conseguiu reintegrar à empresa um grande número de trabalhadores acidentados ou doentes que haviam sido demitidos de forma ilegal.

SINDICALIZAÇÃO – “Felizmente, a sindicalização em nossa base tem crescido. E não é só porque reabrimos o Clube de Campo que tinha ficado fechado por causa da pandemia da Covid-19. O trabalhador percebeu que a reforma trabalhista de Temer só trouxe perdas e ele precisava se reaproximar do seu Sindicato.

O metalúrgico hoje está consciente de que sem a participação sindical não tem campanha salarial, reposição de perdas, renovação dos direitos na Convenção ou mesmo acordo de PLR. Aliás, todo acordo negociado pelo Sindicato só vale se aprovado em assembleia”.

ENERGIA LIMPA – “Nós gastamos em média R$ 50 mil por mês com a conta de luz. Vimos que, se instalássemos energia solar, essa conta ia cair pela metade. Hoje, as placas estão instaladas aqui na sede (esse luz aqui em cima vem da energia solar), na Colônia em Caraguá e também está em fase final de instalação no Clube. Ainda não é 100%. Mas estamos utilizando energia limpa, que não polui e a um custo muito menor. Com o que economizamos ao mês nós pagamos as prestações da instalação”.

O QUE FALTA – “Ainda falta muita coisa, em muitas fábricas. Eu vou citar três: garantir o café da manhã, fornecer cesta básica e propiciar plano de saúde aos trabalhadores. Principalmente nas pequenas e médias empresas, que formam a maioria da nossa base.
Se a sua empresa não tem café, cesta e Plano de Saúde, procure o Sindicato, que nós vamos juntos buscar essas melhorias. O capital visa ao lucro, mas o empresário precisa também ver o lado humano dos trabalhadores”.

ESPERANÇA NO BRASIL – A chegada do Lula mudou o panorama. Em dois meses, houve avanços e melhorias. Considero que a democracia está mais sólida. E nós vamos lutar para que seja cada vez mais forte, porque só na democracia a gente pode reivindicar e conquistar.

Nos anos Temer Bolsonaro, o salário mínimo não teve ganho. Aliás, eles ficaram devendo R$ 7,00 perante a inflação. Lula deu um aumento modesto, mas real, que vai injetar R$ 9 bilhões na economia. Ele também aumentou a faixa do desconto de imposto de renda até dois salários mínimos. Ainda está longe da isenção até R$ 6 mil. Mas nós vamos continuar buscando essa meta.

A FESTA DOS 60 ANOS – “Será dia 30 de abril, a partir das 10 da manhã. Teremos shows com Édson e Hudson, Lecy Brandão, MC Dee Naldinho e Grupo de Samba Rizuetto. Vamos sortear duas motos Yamaha, bicicletas, aparelhos de TVs e outros prêmios. Vamos homenagear sócios mais antigos e fundadores. Vamos inaugurar o Memorial que contará a história desses 60 anos. Mas a atração principal tem que ser o trabalhador, nossos sócios e a família metalúrgica.

Boa festa a todos. Um abraço em nome da Diretoria Metalúrgicos em Ação”.

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