17.2 C
São Paulo
terça-feira, 8/10/2024

Quando as maldades são maiores que as reações

Data:

Compartilhe:

A sociedade – ou, ao menos, a maior parte dela – depende do trabalho para seu sustento e para cumprir com deveres financeiros gerais, como as taxas públicas, por exemplo. Neste sentido, a massa é quem financia o Estado e faz a economia girar. Porém, é justamente a classe trabalhadora a que vem sofrendo os maiores golpes daqueles que deviam ser seus representantes – a saber: vereadores, deputados estaduais e federais, senadores; prefeitos, governadores e o presidente da República; todos eleitos com voto do povo.

É importante que esses representantes sejam também das fileiras de trabalhadores para que conheçam as dificuldades, necessidades e anseios daqueles que representam. Não é o que acontece, infelizmente. Quase 90% desses eleitos representam interesses do capital. E isso faz com que a classe trabalhadora venha sofrendo duros golpes já há muito tempo.

O governo deve apoiar políticas de fomento e sustentação para o setor produtivo, mas sem esquecer daqueles que trabalham. É possível que políticas de desenvolvimento sejam implementadas de maneira sustentável, que garantam trabalho digno, com salário e direitos, antes de mais nada. As políticas de fomento devem ter como objetivo gerar emprego de qualidade, reduzindo o custo para o estado, mas possibilitando ao trabalhador o poder de consumo, seu crescimento social, intelectual, seu lazer e sua saúde física e mental. Somente com trabalhadores saudáveis e com condição financeira é que faremos a economia girar. Infelizmente, não parece ser assim que a maioria dos digníssimos representantes da sociedade vê os trabalhadores.

As políticas adotadas pelos dois últimos governos de reduzir a estrutura do estado, reduzir direitos da classe trabalhadora e precarizar as condições de trabalho, vêm causando um desequilíbrio que está levando o Brasil a um patamar preocupante.

Quando o grau de maldade não recebe o mesmo grau de reação, a tendência é que os maldosos ganhem forças para se aprofundarem em seus atos e sufocar aqueles que são, aparentemente, mais frágeis. Diante da crise política e financeira que estamos vivendo, com desemprego, povo endividado, dólar supervalorizado, Real desvalorizado, instituições em conflitos e inflação galopante, os bancos, por exemplo, continuam obtendo lucros exorbitantes à custa deste cenário. A Caixa Econômica Federal, um banco estatal, obteve um lucro de 6,3 bilhões apenas no segundo trimestre deste ano – um crescimento de 144,7% comparado com o mesmo período de 2020.

Por que os trabalhadores não reagem? Enquanto a maioria dos políticos atua para beneficiar o capital, bancos e empresas faturam sem demonstrar qualquer constrangimento para com a classe trabalhadora e suas demandas, por que todos nós não nos levantamos?

Será que as representações dos trabalhadores e dos oprimidos, de maneira geral, deixaram de se indignar e de conscientizar seus representados sobre a necessidade de resistir para salvar o país e sua população deste abismo para qual o Brasil caminha?

Não tenho dúvida que haja esforço da maioria das lideranças de segmentos organizados, mas vejo que a indignação e conscientização está ocorrendo de maneira pulverizada, cada um cuidando de seu grupo, de maneira desarticulada e sem união. Está faltando um centro de convergência de nossa luta, com uma reação organizada antes que não haja mais tempo.

É este o desafio.

Saudações sindicais.

Site – www.cntaafins.org.br

Clique aqui e leia mais opiniões

Conteúdo Relacionado

Empregos verdes e a crise climática – Clemente Ganz Lúcio

A humanidade produziu a crise climática e gerou a emergência ambiental. Secas, enchentes, queimadas, nevascas, furacões, destruição e mortes passam a fazer parte de...

A lição que veio das urnas no dia 6 – Miguel Torres

As eleições municipais de 6 de outubro foram realizadas com muita tranquilidade em todo o País.O sistema eleitoral por intermédio das urnas eletrônicas novamente...

Desafios da mulher no mercado de trabalho – Eusébio Neto

O mercado de trabalho apresentou a menor taxa de desemprego no trimestre encerrado em agosto desde 2012. Há meses o Brasil vive o chamado...

Unidade metalúrgica – Ricardo de Oliveira (Xabi)

O mundo de hoje divide as pessoas, o mundo atual estimula o individualismo egocêntrico, os líderes mundiais das potências promovem a competição selvagem. Ou...

A importância das eleições municipais – Sergio Luiz Leite

Em 6 de outubro, os brasileiros voltarão às urnas para escolher seus representantes nas prefeituras e câmaras municipais. Em um cenário político cada vez...