O colapso do sistema de saúde já é uma realidade em várias cidades, o ritmo da vacinação segue aquém do necessário e o auxílio aprovado não garantirá a sobrevivência das famílias que dele precisam. Nesse cenário catastrófico, passou da hora de haver união nacional para enfrentamento adequado da pandemia.
Chegando aos um dia impensáveis e hoje inevitáveis 300 mil mortos, o Brasil, lamentavelmente, acumula erros na condução do enfrentamento da pandemia do novo coronavírus.
O que era recomendado no início do processo – testagem em massa, rastreamento e isolamento –, jamais foi sequer ensaiado. Depois, entre as orientações contraditórias, as medidas consagradas por especialistas em todo o mundo, o distanciamento social e o uso correto de máscaras, foram menosprezadas sob os mais diversos pretextos.
Por fim, o advento de uma vacina em tempo recorde, fruto de trabalho competente e incansável de pesquisadores, inclusive brasileiros, e do investimento maciço na busca de um imunizante contra o vírus que paralisou o mundo, deveria chegar como solução definitiva à questão. No nosso caso, no entanto, a falta de planejamento e demora na aquisição de imunizantes fazem com que até ontem (22/3) menos de 6% da população tenham recebido a primeira dose e menos de 2%, as duas.
Completando o quadro, temos uma crise econômica cuja solução depende diretamente da superação da emergência sanitária. Enquanto isso não se dá, seguimos clamando por auxílio emergencial, para que a população possa ficar em casa, e apoio às empresas, especialmente as pequenas, para que consigam se manter no mercado sem gerar mais desemprego.
Estudos já indicam situação ainda mais difícil em 2021 que a observada em 2020, com aumento da pobreza, queda de renda e encolhimento do Produto Interno Bruto (PIB). Portanto, é preocupante que a transferência de renda prevista tenha sido reduzida, para a imensa maioria, a quatro parcelas de R$ 150,00, valor muito distante dos R$ 600,00 que tiveram impacto positivo real na vida das famílias e na economia nacional.
Como tem pregado o consultor e analista João Guilherme Vagas Netto, o caminho é a VIA – vacina, isolamento e auxílio. Mas isso precisa, de uma vez por todas, se dar de forma coordenada entre todos os poderes e instâncias administrativas do País. Não é mais aceitável que os brasileiros assistam a disputas políticas em meio à falta de leitos, oxigênio, medicamentos e também de comida sobre a mesa. É hora de quem tem poder e influência agir com a responsabilidade que essa posição lhe traz.
Deve haver uma coordenação nacional efetiva e racional para lidar com essa situação que só piora a cada dia. O cenário é catastrófico, não é possível tergiversar, mas poderemos sair dessa se começarmos a agir como nação coesa.
Nesse quadro que vivemos, as eleições de 2022 estão num horizonte distante que não deveria concentrar nossas energias. Até porque é preciso que a população sobreviva e haja um país minimamente funcional para se ter o que disputar.
Vamos, juntos, trabalhar por um futuro melhor.