Do dicionário, a palavra “política” significa “arte ou ciência de governar e arte ou ciência da organização, direção e administração de nações ou Estados”. As palavras que se assemelham podem ser: delicadeza, amabilidade, atenção, civilidade, educação, gentileza, entre outras. Mas o que as pessoas entendem quando falamos em política?
Aqui no Brasil, essa palavra está diretamente ligada ao governo e aos governantes. Recentemente, apesar de termos quase trinta partidos políticos das mais diversas linhas de pensamento, os brasileiros desenvolveram um jeito particular de falar em política, repartindo o País em dois lados: esquerda e direita, o que só dificultou as coisas para quem quer apenas trabalhar para o bem da sociedade. Ou seja, independentemente de ter milhares de projetos que beneficiam a população, todo político será subjugado por sua posição “teórica” nas urnas. Se é de direita, ou de esquerda, e talvez esteja aí o nosso maior erro.
Se as pessoas começassem a enxergar a política pelo seu significado literal, talvez a participação da sociedade fosse maior nas decisões que envolvem seus próprios direitos e deveres. Como trabalhadores assalariados, nos distanciamos da política quando reclamamos do valor do salário mínimo, mas não valorizamos o trabalho dos sindicatos, por exemplo, que estão constantemente reivindicando junto ao governo a valorização da renda do trabalhador, e é quem luta pelos aumentos todos os anos.
Então, se somos agentes políticos, por que não estamos nas plenárias das Câmaras Municipais, participando ativamente das sessões ordinárias abertas? Por que não acompanhamos as votações dos projetos de leis nas Câmaras dos Deputados? Por que não buscamos nossos vereadores para tratar de assuntos relativos aos nossos bairros? Por que elegemos candidatos de determinados partidos sem ler, ao menos, seus projetos?
O distanciamento é fruto da nossa própria falta de interesse em saber quem está mexendo no nosso salário, quem está determinando quanto vamos pagar de imposto, quem determina as taxas básicas de juros ou até quantas horas vamos trabalhar por dia? Isso tudo poderia ser definido a partir da participação do povo! Mas a pergunta é: Onde está o povo?
Negar a política, ou se afastar dela, é abrir espaço para que apenas os interesses do poder econômico prevaleçam. Quando os trabalhadores se organizam, quando votam com consciência, quando participam ativamente da vida pública, estão exercendo um poder transformador que nenhuma força econômica consegue calar.
Do ponto de vista do movimento sindical, a política sempre foi, e continua sendo, um instrumento indispensável de luta. Cada conquista, cada cláusula de uma convenção coletiva, cada melhoria nas condições de trabalho, tudo isso passa, em alguma medida, pela política.
Por essas e outras razões, é fundamental que nós, comerciários, compreendamos a importância de ocuparmos os espaços políticos pois são nesses espaços que nossas vidas enquanto cidadãos é decidida. Seja nas instâncias de representação sindical, nos conselhos municipais, nas assembleias legislativas ou mesmo no Congresso Nacional, precisamos fazer ouvir a nossa voz! A política exercida para o povo deve ser feita, acima de tudo, pelo povo.
Milton de Araújo
Presidente do Sincomerciários de Jundiaí e Região