A premiação da atriz Fernanda Torres, com o Globo de Ouro, dia 5, gerou fortes emoções. Uma das pessoas tocadas por esse sentimento é Sonia Santana, reconhecida profissional da produção e presidente do Sindcine, que representa os técnicos cinematográficos em São Paulo, DF e mais cinco Estados.
A Agência Sindical entrevistou Sonia e publica a matéria neste 8 de janeiro, data que remete à tentativa de derrubada dos Poderes em 2023 por grupos extremistas de origem bolsonarista.
Choro – “Não tive como conter o choro ao acompanhar a premiação. Foi um momento de forte emoção e penso que o Brasil, nossa cultura nacional e a democracia também foram premiadas”.
Talento – “O talento da Fernanda Torres é impressionante. Penso que ela reúne as condições para o Oscar, o que seria também uma forma de reconhecer o papel do cinema brasileiro, que sempre foi um espelho do País e um instrumento de observar, contar e recontar nossa história”.
Público – “Impressionante como esse filme mexe com as emoções do público. Ao final da exibição, as pessoas aplaudem, choram, lavam a alma”.
Gerações – “O filme Ainda Estou Aqui é muito bom, sob todos os aspectos. Tenho esperança de que seu sucesso e sua repercussão estimulem as novas gerações a se interessar mais pelo que aconteceu aqui na ditadura, que não teve nada de ditabranda, versão que alguns setores políticos e da mídia tentam nos impor”.
Coletivo – “A produção de um filme é processo coletivo, que requer muita gente, muita qualidade técnica, muito profissionalismo, muito trabalho, muito compromisso com o próprio cinema”.
Narrativa – “O prêmio é uma porrada na extrema direita, que tentou desqualificar o filme, inclusive com a mentira de que a produção foi bancada pela Lei Rouanet, quando todo mundo sabe que essa Lei não se aplica a filmes longa-metragem. A narrativa do filme acaba prevalecendo e de certa forma restabelece a verdadeira história quanto as perseguições e a violência da ditadura”.
Técnica – “O filme é primoroso, seja pela direção, as atuações emocionantes da Fernanda mãe e da Fernanda Filha, a iluminação, a direção de fotografia, a reconstituição da época e outros aspectos que exigem esmero técnico e apuro profissional”.
Mercado – “O audiovisual está crescendo, com equipamentos modernos, novas visões e novas ferramentas. O êxito do filme do Walter Salles tem tudo pra estimular nosso setor, até pra que a própria Ancine dialogue mais com o setor e invista em produções fora do eixo Rio-São Paulo”.
Renda – “O cinema não se apropria de recursos. Ao contrário. Gera empregos, movimenta profissionais, utiliza equipamentos. Somos indústria e colocamos dinheiro no mercado”.
Mulher – “Embora o filme trate da história de uma vítima, o Rubens Paiva, é a mulher – em dois tempos, vividos na tela pela mãe e a filha – que está na centralidade da obra. Cito outra mulher importante, a presidente Dilma. Não fosse pela Comissão Nacional da Verdade talvez esse filme nem poderia ter sido feito”.
Conhecimento – Sonia Santana e seu marido Victor Lopes atuaram na produção do filme “Feliz Ano Velho”, de Roberto Gervitz, lançado em 1988. “Cuidamos dos efeitos especiais”, ela recorda. O livro é a primeira obra literária de Marcelo Rubem Paiva, tendo se transformado num fenômeno editorial e de vendas. Marcelo, décadas depois, escreveu o “Ainda Estou Aqui”, no qual se baseia o filme homônimo, a caminho do Oscar. Oxalá.
MAIS – Site do Sindcine. E-mail do Sindicato sindcinedf@sindcine.com.br. Ou Sonia Santana soniasantana@sindcine.com.br.