“Quem soltou Lula foi Sergio Moro”. Assim, o senador Flávio Bolsonaro abre seu texto na página 3 da Folha de S.Paulo desta terça.
Título do artigo: Moro soltou Lula. Ou seja, tiro em cheio no alvo, pra usar aqui um recurso, digamos, ao gosto miliciano.
“Moro acabou com a Lava Jato, traiu os brasileiros e, não fosse sua vaidade, Lula estaria preso até hoje”. É o fecho.
O texto é muito bom. Ele atinge, ao mesmo tempo Lula e Moro. Sobre Lula, “saqueou o Brasil” – palavras dele, do autor. Quanto a Moro, “de forma rasteira e traiçoeira, tentou atingir a imagem do presidente”, ao ver que não seria indicado ao Supremo.
Artigo é sintético e muito bem escrito. Adjetivação calibrada; nem mais, nem menos.
Embora, pra quem conheça o histórico familiar, o senador seja o mais encrencado da família, seu texto desliza na bitola da política. Ou seja, é agressivo, mas não histérico.
Ontem à noite, quando o artigo do senador já entrava nas rotativas da Folha, o ministro Paulo Guedes era entrevistado por Augusto Nunes e auxiliares. Bem vestido, elegante e ereto, ele mostrava ideias bem amarradas sobre economia, Estado e sociedade. Fazia a defesa do “auxílio emergencial” de R$ 400,00 e, para incautos, pregava a socialização das estatais.
Bolsonaro, como se vê (e se sabia há tempos) não é apenas animal de tração, como certa feita insinuou seu vice. Ele tem método, projeto e equipe. E, agora, muito dinheiro para fazer bondades eleitorais.
A boa regra ensina que, numa luta, qualquer que seja, não se subestima inimigo. Ainda que seja o senador Flávio.
Vale o alerta à oposição, aos formadores de frentes, aos formuladores de núcleos de base.
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