O risco de contaminação pelo novo coronavírus em transportes públicos é um dos principais temores da maioria dos brasileiros que precisam chegar ao trabalho usando ônibus, trens e metrô. O risco aumentou mais ainda, em especial nas capitais e grandes cidades do interior, desde que a economia começou a ser reaberta e ônibus e trens ficaram superlotados, sem que as autoridades locais tivessem implementado um plano efetivo para proteger a vida dos usuários e trabalhadores do setor.
Pesquisa realizada pela Agência Senado, entre os dias 27 e 29 de maio revelou que 89% dos entrevistados avaliam que há muito risco de contrair o vírus. Outros 10% acreditam em pouco risco e 1% não souberam ou preferiram não responder.
O percentual de pessoas que veem no transporte público um caminho de proliferação da Covid-19 é maior que do que o percentual daqueles que têm medo de contrair o vírus em escolas e faculdades (83%), academias (78%), parques praias (65%) e bancos (54%).
Desde o início da pandemia, em março deste ano, as estratégias de governadores e prefeitos têm se limitado a redução das frotas em épocas de restrições mais rígidas de circulação mais como forma de equilibrar as contas, já que o setor sofreu uma redução no de até 80% no número de passageiros nos primeiros meses da crise sanitária.
Na capital paulista, o retorno de 100% da frota às ruas só aconteceu após uma ação judicial promovida pelo Sindicato dos Motoristas de São Paulo (Sindmotoristas), que exigiu o retorno das operações.
No dia 16 de julho, a decisão da Justiça determinou que 100% da frota retornasse às atividades, sob pena de multa diária de R$ 50 mil.
O presidente do Sindmotoristas, Valmir Santana da Paz, conhecido como ‘Sorriso’, afirmou que com a flexibilização da quarentena e o retorno das atividades na capital, os reflexos no transporte público foram alarmantes.
“Os trabalhadores ficaram desesperados, conduzindo veículos superlotados em tempos que se prega evitar aglomerações. A saúde dos profissionais e de toda a sociedade está em risco, o único modo de evitar essa exposição é aumentar a frota. Buscamos ser sensíveis o tempo todo, mas precisamos recorrer à Justiça”, afirmou o sindicalista.
No despacho da decisão que determinou o retorno dos ônibus em São Paulo, a Justiça ainda afirmou que a atitude administrativa de manter a frota reduzida, mesmo diante da flexibilização foi “irracional”.
Os motoristas de ônibus urbano, de carga, ferroviários, metroviárias e navais fazem parte de um grupo profissional de atividades essenciais com o segundo maior risco para Covid-19. Eles ficam atrás apenas de quem atua na área de saúde. A constatação é de um estudo que dimensiona o risco de contágio em cada atividade, realizado pelo Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa de Engenharia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (Coppe/UFRJ).
De acordo com o levantamento, são 350 mil trabalhadores em ônibus que correm 70% de risco de serem contaminados devido ao exercício de sua profissão. O estudo mapeou mais de 2,5 mil ocupações no País. Os dados foram divulgados pela Agência Brasil e pelo portal do instituto.
Em se tratando de segurança e prevenção, a situação não é favorável. As medidas de proteção são pontuais e partem de iniciativas individuais, de prefeituras e de Sindicatos.
Cuidados – De acordo com a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), evitar lotação e aglomeração é o caminho mais seguro para se proteger do novo coronavírus, mas como a grande maioria da população não tem outra opção a não ser o transporte público, deve-se evitar horários de pico, em que esses transportes estão mais cheios.
Outra das maiores prevenções, conforme aponta a Fiocruz,é manter distância entre as pessoas. Por isso, o ideal é que os passageiros não fiquem muito próximos, evitando especialmente os que apresentem sintomas de gripe como espirro ou tosse.
Fonte: CUT