17.1 C
São Paulo
sexta-feira, 26/07/2024

A centralidade da questão nacional

Data:

Compartilhe:

Em sua coluna semanal nesta Folha, a professora Maria Hermínia Tavares criticou minhas ideias sobre a centralidade da questão nacional, por ela denominadas de “nacionalismo embolorado”. Maria Hermínia se referia a uma entrevista sobre o lançamento de minha pré-candidatura à Presidência da República na qual eu pregava a união do país em torno da retomada do desenvolvimento, do combate às desigualdades e da valorização da democracia.

Na entrevista eu sustentava ainda que o Brasil vive um processo de profunda desorientação, marcado pelo confronto entre a agenda identitária das correntes progressistas e a guerra cultural, que constitui o centro da agenda do núcleo ideológico do governo.

O interesse nacional e as alianças heterogêneas para alcançá-lo naufragam nas águas revoltas desse confronto.

A ilustre professora admite que o meu “nacionalismo estreito” tem “curso livre entre políticos de diferentes partidos, para não falar nas três Armas” – no que deve ter confundido as armas do Exército com as Forças Armadas, que são três: Marinha, Exército e Aeronáutica.

É verdade que o nacionalismo guiou a trajetória de importantes líderes políticos da história do Brasil, a começar dos próceres de nossa Independência, o patriarca José Bonifácio de Andrada e Silva e o imperador Dom Pedro 1º. Nacionalistas foram ainda Dom Pedro 2º, Caxias, Tamandaré, Deodoro, Floriano Peixoto, Getúlio Vargas, Góes Monteiro, Juscelino Kubitschek, João Goulart, Ernesto Geisel, João Figueiredo e Leonel Brizola. E, nas três Forças apontadas por Maria Hermínia, embora não tenha sido e nem seja uma unanimidade, o nacionalismo sempre pairou como uma ideia profundamente enraizada.

A história do mundo nos últimos 200 anos foi uma disputa entre dois tipos de nacionalismo: o nacionalismo dominador das nações fortes, coloniais e imperiais, em confronto com o nacionalismo defensivo das nações emergentes em busca de afirmação nacional.

Os hinos, as bandeiras, os brasões de armas e outros símbolos nacionais constituem a expressão iconográfica e estética dessa época histórica. As manchetes dos diários e dos telejornais contemporâneos estão repletas de proclamações das reivindicações e ambições nacionais de norte-americanos, chineses, russos, israelenses e palestinos, apesar dos discursos globalistas no Fórum de Davos e nas reuniões da ONU.

Conteúdo Relacionado

Porque votei sim à reforma tributária – Luiz Carlos Motta

A Reforma Tributária, um anseio da população brasileira há várias décadas, finalmente deu um importante passo no Congresso Nacional. Recentemente, a Câmara dos Deputados aprovou,...

Eleições, eleições, eleições – Rodrigo de Morais

Se há uma palavra que temos ouvido muito nesses dias  é eleições.Eleições na Inglaterra, na França, nos EUA, na Venezuela e em outubro todo...

Kamala e ou Michelle e o “final feliz” – Marcos Verlaine

Devem disputar as eleições presidenciais de lá, em novembro, 2 mulheres negras do PD — Kamala Harris, atual vice, e Michelle Obama, ex-primeira-dama —,...

Pauta eleitoral e pauta sindical -Ricardo de Oliveira

Na democracia, os setores organizados da sociedade têm suas pautas próprias. Com o sindicalismo não é diferente. Essa pauta abrange temas gerais, mas também...

A quem interessa a alta do dólar e da taxa de juros? – Elias Diviza

Nas últimas semanas, o dólar disparou e o Banco Central, comandado por Roberto Campos Neto – que, vale lembrar, foi indicação de Bolsonaro e...