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domingo, 18/05/2025

A freada no emprego formal em 2022 – por Clovis Scherer

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Os dados do Novo Caged mostraram que em 2022 foram gerados pouco mais de 2 milhões de postos de trabalho celetistas. Os números foram publicados pelo Ministério do Trabalho com base nas informações fornecidas pelas empresas ao utilizarem o sistema E-social, principalmente, e refletem as contratações de trabalhadores no regime da CLT. Os grandes números são: contratação de 22,6 milhões de empregados e a dispensa de 20,6 milhões, com saldo de 2,0 milhões empregos. O resultado para o ano pode ser considerado bom, mas ele não deixa de emitir sinais de alerta, a começar por ser menor do que os 2,8 milhões de empregos criados em 2021.

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Além do ano passado fechar com números inferiores aos de 2021, os dados de dezembro registraram a perda de 431 mil empregos formais. É normal que nos meses de dezembro o Novo Caged aponte saldos negativos entre as admissões e as demissões de trabalhadores, pois é quando são computados os ajustes que as empresas fazem em suas folhas de pagamento, a demissão de temporários e, inclusive, as empresas que simplesmente encerram suas atividades. Assim, as admissões costumam ser menores e as demissões, maiores.

O que chama a atenção nesse último mês, porém, foi o tombo muito maior do que o verificado no mesmo período de 2021, quando o saldo negativo ficou em 293 mil.

Aliás, é o pior resultado para um mês de dezembro desde 2016, ano em que a economia estava em recessão.

Na verdade, olhando o que veio acontecendo nos últimos meses nota-se que o número mensal de novas contratações passou de 2,1 milhões, em agosto, para apenas 1,3 milhões, em dezembro. Enquanto isso, as demissões mantiveram-se na casa dos 1,7 milhões a cada mês, subindo para 1,8 milhões em dezembro.

O comportamento do mercado de trabalho no último quadrimestre parece confirmar a percepção de que a economia está esfriando, como se vislumbra em outros indicadores econômicos. E não é por menos, afinal, a política de juros altos adotada pelo Banco Central visa exatamente frear a economia como forma de combater a inflação. O custo disso, porém, costuma recair sobre o nível de produção, de emprego e de salários. As medidas que o governo anterior adotou para melhorar a economia antes das eleições, colocando dinheiro em circulação, por sua vez, se esgotaram rapidamente. Assim, o que poderia ter sido um ano de retomada mais potente do emprego, a ponto de compensar os vários anos de crise recessiva e de pandemia, não se concretizou pelas escolhas da política econômica.

A junção desses dois fatores faz a situação atual entrar em sinal de alerta. Se o ritmo de geração de novos empregos formais continuar a diminuir, pode atingir um nível insuficiente para atender aos jovens que ingressam no mercado de trabalho e tirar os muitos milhões que ainda não conseguiram um emprego. Até aqui esse processo ajudou a reduzir a taxa de desemprego e, também, de estancar o elevadíssimo grau de informalidade que se viu na esteira da crise da pandemia de Covid. Mas ambos os indicadores ainda são muito elevados no país e podem retomar sua trajetória de crescimento a depender das escolhas de políticas econômicas e de políticas de trabalho, emprego e renda.

Clovis Scherer, economista do DIEESE

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