23.2 C
São Paulo
quinta-feira, 23/01/2025

Ao pequeno empresário – Josinaldo Cabeça

Data:

Compartilhe:

Ao pequeno empresário | Nesta coluna, tenho falado com frequência do problema da carestia. Volto ao tema, porque muitos produtos estão subindo de preço, principalmente os alimentícios.

Um exemplo real disso é que, em média, o vale-refeição está dando apenas pra cobrir 13 dias.

Ora, o mês de julho tem 21 dias úteis. Se contarmos os sábados, serão 26 dias.

Mas o VR só dá pra 13. O que fazer?

Quem recebe vale-refeição é só uma parte da classe trabalhadora. A maioria, registrada em Carteira ou na informalidade, não tem esse benefício e precisa se virar, comendo pouco, comprando carcaça de frango ou simplesmente dividindo um prato com a família inteira.

Mas a carestia afeta só o trabalhador e o povo mais pobre? Não. Afeta o mercado interno e fragiliza o mercadinho, a quitanda, a venda, a loja e mesmo a pequena indústria.

De que modo? Com o aumento no preço dos insumos. Aquele mercadinho que colocava 100 quilos de arroz na prateleira toda semana não vai pode colocar mais essa quantidade. Aquele comércio popular que fazia encomendas à indústria vai reduzir o volume dos pedidos.

Ou seja, a carestia, além da fome dos mais pobres, enfraquece o setor produtivo. Não é só o cidadão que empobrece. A pequena empresa também fica mais pobre, demite e tem que arcar com aumentos de custos sem poder repassar tudo ao consumidor.

Outro dia, o ministro Paulo Guedes pediu a donos de supermercados que segurassem os preços. Ora, o preço final na prateleira está ligado a uma ampla cadeia econômica e de custos. Além do que o Guedes que pede “sacrifício” ao supermercado é o mesmo ministro que manda subir os juros. Ou seja, é um cretino!

O leitor poderá perguntar o que o Sindicato está fazendo. O sindicalismo faz o que pode. Por exemplo, aqui em Guarulhos, já fizemos atos contra a carestia, Natal sem Fome, campanhas do agasalho e outras.

Não existe mais uma lei que reponha as perdas da inflação. Assim, toda campanha salarial começa do zero. No final do ano, conseguimos reajuste de 11,08% pra todos e mais abono de 26%.

Mas a inflação já comeu boa parte.

Fechado o acordo, o Sindicato reforçou a busca do pagamento de PLR – Participação nos Lucros e/ou Resultados das empresas. Alguns poucos setores da indústria estão faturando, mas grande parte patina ou acumula perdas. Convenhamos, fica difícil “dividir o lucro” numa situação dessas.

O fato é que a atual política econômica está afundando o Brasil. Esse naufrágio atinge primeiro o porão, onde viajam os pobres. Mas a água vai subir até o convés. Você, pequeno empresário, se está pensando que vai se salvar, pode tirar o cavalo da chuva.

Não damos conselho a empresário. Mas o trabalhador, quando se aperta procura o Sindicato, busca o vereador, pressiona o deputado. Os senhores deveriam fazer o mesmo, principalmente ante Jair Bolsonaro e seus aliados.

Clique aqui e leia mais artigos de Josinaldo Cabeça.

Conteúdo Relacionado

Existe comunicação eficiente em um mundo dominado pelas big techs? – Neiva Ribeiro

A foto que rodou o mundo, com os apoiadores do presidente americano em sua posse, Donald Trump, deixa claro quem o apoia: os chefões...

Programa Mais Professores precisa avançar mais – Professora Francisca

O governo do presidente Lula deu mais um passo importante para a valorização da educação pública no país com a publicação do decreto presidencial...

Cuidar das cidades brasileiras e dos seus habitantes – Murilo Pinheiro

Ao celebrar o aniversário de São Paulo, maior município do País, é importante refletir sobre as tarefas necessárias para garantir o desenvolvimento e a...

O mito de os militares como “reserva moral” do Brasil – Marcos Verlaine

A Nova República, cujo início se deu em 1985, redemocratizou o Brasil e enterrou a ditadura civil-militar-empresarial, que durou 21 anos — 1964-1995 —...

Reforma agrária urgente! – Josinaldo José de Barros (Cabeça)

O Brasil tem área de 8.510.000 quilômetros quadrados. Nossa dimensão é continental. Aqui tem terra pra todos. Pelo menos, deveria ter.Mas não é o...