O crescimento da economia, do emprego e do bem estar social, corresponde aos interesses maiores da nação e do povo brasileiro.
Mas, há forças poderosas, abrigadas no mercado financeiro, que conspiram diuturnamente contra o desenvolvimento nacional.
Atuam hoje destacadamente em duas esferas interligadas do tripé macroeconômico: a política monetária e a política fiscal.
Na quarta-feira, o Comitê de Política Monetária do Banco Central decidiu aumentar novamente a taxa básica de juros (Selic), agora fixada em 11,25%, a segunda maior do mundo em termos reais (ou seja, depois de descontada a inflação).
É necessário observar que os diretores do Banco Central indicados por Lula votaram pela elevação da taxa, capitulando à pressão do “mercado”.
O pretexto, como sempre, é combater a inflação e fazer frente a incertezas globais, mas na realidade os juros altos contemplam os interesses de banqueiros e rentistas ociosos, cujos lucros sobem escandalosamente.
Bilhões para rentistas ociosos
Estima-se que a alta definida ontem, de 0,5%, vai transferir em torno de R$ 25 bilhões a mais para quem possui títulos da dívida pública.
É preciso assinalar que os grandes bancos, seja como instituições financeiras ou fundos de investimento, detém hoje 47,5% desses preciosos papéis.
Lucram sem nada produzir.
Em contrapartida, os juros altos deprimem o consumo e os investimentos, freando a marcha da economia e condenando o país à estagnação, o que resulta no crescimento do desemprego, redução dos salários e crescimento do endividamento das famílias.
Crise artificial
Cinicamente, os empresários do setor financeiro e a mídia burguesa usam o aumento do endividamento do governo para pressionar por cortes no chamado orçamento primário, ou seja, na saúde, na educação, na assistência social, habitação popular e nos investimentos em geral.
Silenciam sobre o peso dos juros, que consomem cerca de 50% do Orçamento da União, e a necessidade de reduzi-los substancialmente e ao mesmo tempo reestruturar a dívida pública.
Os interesses dos rentistas são considerados sagrados e “imexíveis”, como diria o companheiro Rogério Magri.
Com muito barulho nos meios de comunicação e especulação no mercado de moedas e de capitais criam na sociedade um ambiente artificial de crise para forçar o governo Lula a adotar um ajuste fiscal que preserva os interesses da burguesia financeira e sacrifica exclusivamente a classe trabalhadora.
Transferência perversa da renda nacional
Já vimos este filme.
Pressão semelhante levou a ex-presidente Dilma a optar por um desastroso ajuste fiscal no passado, que funcionou como um passaporte para o impeachment na medida em que lançou a economia para o pântano da recessão e sacrificou direitos dos trabalhadores. O governo entrou em rota de coalizão com a classe trabalhadora e os movimentos sociais, perdendo apoio social e base de sustentação política.
A equipe econômica do governo parece não levar em conta as lições da história ao cogitar subtração de direitos sociais, inclusive alterando a Constituição para retirar recursos hoje destinados aos mais pobres com o propósito subjacente de garantir o pagamento integral dos serviços da dívida pública e a acumulação e expansão do capital improdutivo em mãos de banqueiros e rentistas.
Trata-se de uma perversa transferência de renda, que de resto sabota o anseio nacional por desenvolvimento e é inaceitável para a classe trabalhadora e uma ampla maioria de brasileiros e brasileiras.
A CTB alerta que reduzir direitos é o caminho para o fracasso do governo Lula, ao mesmo tempo em que orienta o conjunto da sua militância a mobilizar as bases para a luta contra o ajuste fiscal fiscal que vem sendo proposto, pela redução das taxas de juros e pelo desenvolvimento nacional com valorização do trabalho.
Adilson Araújo
Presidente nacional da CTB