Sem emprego e sem sonhos. Essa é a realidade de milhões de jovens no Brasil, especialmente os mais pobres. Pesquisa recente publicada pela Folha aponta que 50 milhões de jovens de 15 a 29 anos estão decepcionados com a vida que levam. Quase a metade (47%), se pudesse, deixaria o nosso país. O número é assustador.
A verdade é que país detestado pela juventude não tem futuro. Mais assustador ainda é que 27% desses jovens, ou 13 milhões deles, nem estudam nem trabalham. Vivem do quê?
Outro levantamento da atividade dos jovens, para complicar ainda mais a situação, mostra que, na faixa dos 14 aos 17 anos, 46% estão em busca de trabalho. Dos 18 aos 24 anos, o desemprego afeta 31% das pessoas. As mulheres são as mais prejudicadas, em todas as faixas dessas idades, é bom que se diga.
E, por falar nisso, milhares delas abandonaram os estudos por falta de recursos. O ministro da Educação, Milton Ribeiro, chegou a afirmar que a universidade deveria ser para poucos no “sentido de ser útil à sociedade”. Essa linguagem é um negacionismo bolsonarista, dos mais fascistas que ouvimos falar.
Não bastasse tudo isso, o digno representante do governo mais atrasado dos últimos anos também é contra a presença, nas escolas regulares, de crianças com necessidades especiais, pois, segundo ele, atrapalham o aprendizado dos demais alunos.
Essa grave situação dos jovens parece só se agravar diante do cenário econômico. O PIB caiu 0,1% em relação ao semestre passado. Isso quer dizer que a economia cresceu para baixo, como rabo de cavalo, embora o ministro da Economia, Paulo Guedes, afirme que ela “andou de lado”. Tanto andou para trás que o fogão a lenha voltou a ser mais usado pelo alto preço do gás, cerca de RS 100 o botijão, valor assustador para a maioria dos brasileiros.
Um comerciante do Vale do Paraíba, por exemplo, vendeu 25 fogões a lenha portáteis em agosto —o melhor resultado desde 2018. A criatividade do cidadão comum não resiste ao salário do presidente da Petrobras, um general que fatura a astronômica soma de R$ 260 mil mensais.
A UGT (União Geral dos Trabalhadores), maior central de comércio e serviços do Brasil, com cerca de 12 milhões de trabalhadores em todo o país, já fez cinco mutirões de emprego. Estamos para começar o sexto, que tem entre os inscritos milhares de jovens. O evento será misto: os candidatos se inscrevem pela internet, mas as provas serão feitas de forma presencial, com a participação direta dos RHs das empresas, que escolherão os candidatos aprovados por elas mesmas.
A UGT reivindica dos governos, especialmente do federal, cursos de qualificação profissional para encaixar a mão de obra disponível na quarta revolução industrial e no 5G, que vai revolucionar toda a economia. A juventude deve ser parte do desenvolvimento do país, não mão de obra explorada e barata.