Maior compositor popular brasileiro, Chico Buarque de Hollanda completa hoje 80 anos. Chega aos 80 em plena forma como compositor da MPB e também escritor de romances e memórias.
Espinho na garganta da ditadura, teve que se exilar na Itália, devido a perseguições e censura.
De tanto ver suas letras mutiladas pelos censores, Chico aplicou um golpe genial no regime ao adotar o codinome Julinho da Adelaide, com o qual assinou músicas que alfinetavam o regime, a exemplo de “Chama o ladrão”.
Homem de esquerda, o carioca Chico sempre esteve ligado às lutas democráticas e da classe trabalhadora, subindo em palanques sindicais e no apoio a greves. Na canção “Linha de Montagem”, de 1971, ele diz: “As cabeças levantadas/máquinas paradas/Dia de pescar”. E mais: “Gente que conhece e prensa/A brasa da fornalha/ O guincho do esmeril”.
Mas bem ainda no começo da carreira, em 1965, o garoto Chico já tratava do tema operário, como na canção “Pedro Pedreiro”, na qual diz: Esperando, esperando, esperando/Esperando o sol/ Esperando o trem/Esperando o aumento/ Desde o ano passado/ Para o mês que vem”.
Construção – Obra máxima, Construção é construída num clima de tensão repetida e com os versos sempre terminados em proparoxítonas, como “última única/máximo/bêbado/pródigo”. Inspirada, como se sabe, no “O operário em construção”, onde diz o poeta Vinicius de Moraes: “Era ele que erguia casas/ Onde antes só havia chão.”
Mulheres – A obra de Chico Buarque de Hollanda, homem de família abastada, sempre teve um olhar carinhoso em relação às mulheres e a minorais. “Geni e o Zepelin”, por exemplo, retrata uma prostituta que ajuda burgueses fugitivos e depois é por eles desprezada. Diz o refrão: “Joga pedra na Geni/Ela é feita pra apanhar/Ela é boa de cuspir”.
Vida longa, saudável e produtiva a esse grande brasileiro, compositor genial e ardoroso torcedor do Fluminense.
Mais – Assista ao documentário “Desconstrução” aqui.