Entre a taxa de juros exorbitante determinada pelo Banco Central e as ameaças de cortes de gastos em investimentos e serviços essenciais, País pode dar graves passos rumo ao atraso. Mercado financeiro não pode ditar o destino do povo brasileiro.
O Brasil tem o grande e antigo desafio – que idealmente seria enfrentado cooperativamente pelo conjunto das forças políticas do País com a participação da sociedade civil – de alcançar o desenvolvimento econômico, propiciando condições de vida digna a toda a sua população, com sustentabilidade ambiental e democracia.
Alcançar esse objetivo, tarefa em si repleta de obstáculos, pode se tornar ainda mais difícil frente às pressões do mercado financeiro, com estridente repercussão pela mídia, que exigem do governo federal medidas para controlar as contas públicas.
Atualmente, a submissão ao poder do rentismo vem se desenhando na forma de um plano de cortes de gastos, a ser anunciado nesta semana, que pode atingir os serviços essencais, incluindo as áreas da saúde e da educação, além de itens como seguro-desemprego e Benefício de Prestação Continuada (BPC), esses voltados exatamente à sobrevivência dos que estão em situação mais vulnerável. Também na mira, conforme divulgado, investimentos em infraestrutura, incluindo projetos do Plano de Aceleração do Crescimento (PAC).
Soma-se a essa ameaça regressiva a lamentável decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central, essa já consumada na quarta-feira (6/11), de elevar a taxa Selic para 11,25%. A medida, sob pretexto de controlar a inflação, encarece o crédito, aumenta a dívida pública que tanto se quer reduzir e inibe o consumo e os investimentos produtivos, favorecendo única e exclusivamente a especulação financeira.
Entre as tantas batalhas a serem travadas por aqueles que defendem um projeto nacional que busque a prosperidade geral e a justiça social, está reverter a atual tendência do BC de jogar os juros básicos às alturas. E, mais urgentemente, mobilizar-se contra o facão austericida que ameaça piorar as condições de vida e minar as condições do governo federal de estimular o crescimento.
Como vimos debatendo ao longo de quase duas décadas no âmbito do projeto “Cresce Brasil + Engenharia + Desenvolvimento”, o Estado tem papel central na expansão econômica e deve investir inclusive para incentivar o setor privado a fazer o mesmo de forma efetiva e duradoura. Há que se valorizar a produção e a geração de empregos decentes, com direitos e remuneração adequada. Deixado à própria sorte, o tal “mercado” seguirá protegendo os altíssimos ganhos da minoria já privilegiada.
Defendemos todos a responsabilidade no manejo das contas públicas, mas a prioridade deve ser o progresso nacional e o bem-estar do povo.
Eng. Murilo Pinheiro, Presidente da Federação Nacional dos Engenheiros.