16.4 C
São Paulo
segunda-feira, 2/06/2025

A política de retirar dos pobres para dar aos ricos – Eusébio P. Neto

Data:

Compartilhe:

O movimento sindical é um agente de transformação social, logo, deve atuar para assegurar que os mais vulneráveis não sejam esmagados pelo rolo compressor da miséria. A política social do presidente Lula é amplamente criticada, sendo necessário que os dirigentes sindicais trabalhem para dar sustentação ao governo. Apesar de a distribuição de renda favorecer o crescimento econômico, com o aumento da taxa de emprego, consumo e, consequentemente, da produção, há uma pressão para o governo realizar cortes nos benefícios sociais.

Na semana passada, o Congresso devolveu ao governo a medida provisória que propunha alterações nas regras do PIS/COFINS. A MP tinha por objetivo compensar as perdas causadas com a desoneração da folha de pagamento de 17 setores da economia. A desoneração reduziu a contribuição previdenciária sobre a folha de pagamento de 20% para 4,5%. A ação encurralou a equipe econômica do governo que, agora, estuda uma forma de compensar as perdas.

Os parlamentares, por outro lado, defendem a desvinculação do salário mínimo dos benefícios da Previdência Social, com a redução dos custos com o seguro-desemprego, o BPC (Benefício de Prestação Continuada), o abono salarial e o auxílio-doença. Medidas que têm um impacto direto na classe trabalhadora.

Antes de cortar os benefícios sociais da população mais pobre, o Brasil tem muita coisa para enxugar. O Estado deve deixar de ser a mãe dos mais ricos. Os setores econômicos que criticaram duramente a MP estão entre os maiores beneficiários de isenção fiscal no Brasil. Os pobres são os que mais necessitam da ajuda do Estado.

O estudo realizado pelo Ministério do Desenvolvimento, Assistência Social, Família e Combate à Fome revelou que o programa Bolsa Família reduziu em 91,7% o percentual de crianças na primeira infância que vivem em situação de pobreza ou extrema pobreza. Como o desenvolvimento socioeconômico do país está diretamente ligado à qualidade de vida das pessoas, cortar os benefícios sociais representa um atraso.

O Brasil é extremamente desigual, portanto, devemos defender os mais vulneráveis e a classe trabalhadora. O Congresso representa o mundo empresarial e trabalha afinco para tirar dinheiro dos pobres e aumentar a fortuna dos riscos.

Eusébio Pinto Neto, Presidente do SINPOSPETRO-RJ e da Federação Nacional dos Frentistas.

Conteúdo Relacionado

Os salários na indústria – Josinaldo José de Barros

Exceto os Estados Unidos, o Brasil é o único país do continente americano que possui uma estrutura industrial consolidada. Embora concentrada nas Regiões Sudeste...

Dupla exigência – João Guilherme Vargas Netto

Muita gente e muita gente boa tem falado e escrito sobre o fim do sindicalismo como o praticamos e o conhecemos, principalmente aqui no...

Tem caroço nesse angu – Celso Napolitano

Minha intenção neste texto é propor uma reflexão livre sobre a presença cada vez maior de grandes empresas educacionais mercantis no ramo do ensino...

Ensino de engenharia deve ser 100% presencial – Murilo Pinheiro

Em suas inúmeras modalidades e áreas de atuação, a engenharia é regulamentada por lei e fiscalizada, tendo em vista a necessidade imperativa de que seja...

A política de emprego da China – Nivaldo Santana

Em uma sessão de estudo do bureau político do Comitê Central do Partido Comunista da China (PCCh), realizada em maio de 2024, o secretário-geral...