A live da Agência Sindical de quinta (18) entrevistou Victor Dourado, presidente do Sindicato dos Médicos de São Paulo. As condições de trabalho, já precárias, pioraram drasticamente devido à pandemia do novo coronavírus.
Empresas e Organizações Sociais (OS) exploram o médico, impõem jornadas superiores a 100 horas semanais e dão seguidos calotes.
Formado na Unicamp, Victor relaciona a proletarização da categoria com a concentração de capital nas mãos dos grupos privados. Ele comenta: “Além da ausência estatal, o que ocorre é que esse mesmo Estado drena recursos públicos para setores privados”.
Segundo o presidente do Simesp, que lidera uma diretoria com grande número de mulheres e majoritariamente de jovens profissionais, os dados são imprecisos, uma vez que os testes para detectar a Covid-19 no Brasil não são feitos em massa. “Sabemos, no entanto, da morte de mais de 120 médicos devido à doença”, afirma.
PRINCIPAIS TRECHOS
Condições – A situação do trabalho não vinha bem há tempos. Antes da reforma trabalhista, já existiam muitas terceirizações.
A reforma precarizou ainda mais o trabalho, aumentando a carga horária e diminuindo os salários. A crise do coronavírus só agravou essa precarização.
Garantias dos médicos – As garantias de afastamento remunerado não existem. O Sindicato busca, junto ao Ministério Público do Trabalho, o pagamento aos profissionais PJ no momento de afastamento.
Mas infelizmente vivemos uma fase de uberização da categoria.
Convenções – No caso dos médicos, as Convenções Coletivas abrangem uma parcela cada vez menor na categoria. Muitos são PJ e ficam de fora das negociações. Com isso, o número de calotes, atrasos de pagamento e abusos só está crescendo.
Piso e jornada – Nessa forma precarizada não há garantia de Piso e jornada. Tem médico fazendo jornada abusiva. Na Residência Médica, aprendemos que a carga máxima é de 70 horas semanais, mas, quando o profissional começa a trabalhar, essas 70 horas se tornam carga mínima.
Mobilização – Nossa categoria não tem um histórico de lutas sindicais. Mas a precarização leva a perder o medo. Em Osasco, fizemos greve com profissionais que não tinham vínculo e estavam sem receber. Quando não se tem a perder, o medo desaparece e a greve é a única saída.
Live – Acesse aqui e assista à íntegra da live da Agência Sindical.