Na madrugada de segunda (30), um grupo levou o terror à cidade de Araçatuba, interior de SP, com explosões de caixas eletrônicos e tiros disparados em direção a qualquer um que entrasse no caminho. O caso lembra o ocorrido em julho de 2020, em Botucatu, outro município do interior paulista.

Segundo a presidente do Sindicato dos Delegados de Polícia do Estado de São Paulo (Sindpesp), Raquel Gallinati, em ambos os casos, a tragédia poderia ter sido evitada caso houvesse empenho por parte do governo estadual.

“Em um ano, o investimento na Polícia Civil se limitou, basicamente, à troca de pouquíssimas pistolas antigas por armas mais novas e a compra de algumas viaturas blindadas”, informa a dra. Raquel.

Para ela, não é possível que na unidade federativa mais rica do Brasil a sua força de Segurança Pública seja a que mais sofre com a falta de recursos. “Ficou demonstrado que o Estado não detinha informações necessárias para se antecipar à ação”, critica a dirigente.

Segundo a dra. Raquel, o governador João Doria (PSDB) promoveu uma jogada de marketing político ao abrir Deics (Departamento Estadual de Investigações Criminais) no território paulista, mas sem acompanhar nomeações e valorização salarial dos policiais. “Uma prova de que somente a mudança de nomenclatura da estrutura organizacional não gera eficiência no combate ao crime organizado”, avalia a dirigente.

Raquel Kobashi Gallinati é entrevistada pelo jornalista João Franzin

Equipamentos – A presidente do Sindpesp afirma que o Estado de SP não equipa e nem contrata os aprovados em concurso para que a Polícia Civil tenha condições de cumprir seu papel. Ela lembra que, quando Doria assumiu o governo, faltavam cerca de 13 mil policiais no contingente. Essa defasagem, hoje, chega a 15 mil.

Prevenção – Raquel Gallinati explica que é dever do Estado, com as polícias civis e militares, de prevenir e reprimir os crimes e evitar o que ocorreu em Araçatuba e Botucatu. “Quando um grupo coloca nas ruas 30 criminosos com armamento pesado, explosivos e ação planejada, fica quase impossível que os policiais no plantão da madrugada consigam responder à altura”, conclui a dirigente.

MAIS – Acesse o site do Sindpesp.