Nas últimas sete décadas (1950-2021), entre avanços e retrocessos, a economia brasileira passou por profundas transformações. Em termos de crescimento econômico, a primeira metade desse período foi marcada por uma expansão a taxas superiores à mundial. A partir de meados dos anos 80, no entanto, mergulhamos numa dinâmica de empobrecimento relativo acelerado, a qual não tivemos sucesso em reverter.
A agenda para elevar o potencial de crescimento da economia brasileira é extensa e conhecida, e baixo crescimento não é destino. Depende de nossa capacidade de fazermos escolhas e concretizar as políticas de elevação da produtividade, codinome do desenvolvimento.
Os “melhores” caminhos, naturalmente, suscitam discordâncias, mas o objetivo final é o mesmo: recolocar o país na rota do crescimento robusto, equânime e sustentável sob os valores de uma sociedade “civilizada” (liberdade individual, igualdade de oportunidades e eficiência produtiva).
A esperança do sistema democrático é que seja possível, através de regras consensuais e diante da realidade física que condiciona a vida social e econômica, discutir e deliberar de maneira minimamente honesta e racional sobre o que os indivíduos supõem ser o melhor para a sociedade que habitam.
Depois de uma recessão profunda (2015/2016) e de uma pandemia que consagraram a pior década de crescimento dos últimos 120 anos, é preciso trabalhar para amenizar as agruras de curto prazo e construir as bases para que o Brasil possa se tornar um país mais produtivo, mais moderno e mais integrado à economia mundial.
É nesse contexto que se inserem as eleições presidenciais de 2022, em relação às quais o debate chegou mais cedo que o de costume.
É preciso que os candidatos já conhecidos e também os que estão para ingressar na corrida eleitoral abracem, com a seriedade necessária, a missão de apresentar ao Brasil um projeto de desenvolvimento com começo, meio e fim, sem generalidades, e que explicite como, através do exercício livre e inteligente da política, começaremos a reverter nossa dinâmica de baixo crescimento.
A tarefa não é trivial, e o sucesso, incerto. Requer o convencimento da sociedade e o bom funcionamento da relação entre o Executivo, o Legislativo, e o Judiciário, Poderes que devem ser independentes, mas harmônicos entre si.
Se fosse simples, não estaríamos onde estamos. Mas a vantagem da democracia é que os erros de ontem e de hoje podem ser corrigidos pelos acertos de amanhã num regime de respeito às leis e à mais plena liberdade.
Opinião publicada na Folha de S.Paulo em 9/11/2021.
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