Setores importantes do patronato são contra o selfie-service, pois querem preservar as pequenas empresas e o emprego.
A concorrência sempre é salutar. Por quê? Porque ela possibilita o aumento na produtividade, a redução no preço de produtos e serviços e também o melhor atendimento ao cliente.
Até aí, estamos de acordo. Aliás, no setor de abastecimento de gasolina, etanol e diesel, isso ocorre diariamente. Até porque existem mais de 50 mil postos, sendo a maioria de pequenas empresas. Em muitas delas, por esse Brasil a fora, o próprio dono ajuda a atender e a abastecer.
Mas isso pode mudar. E é ruim que mude. Quem quer mudar é o deputado federal Kim Kataguiri (DEM-SP). Ele manobra em dois sentidos. Primeiro, mudar a lei do ano 2000 e possibilitar o selfie-service. Com isso, entram as bombas de autoatendimento e saem os frentistas.
O segundo movimento é: sem frentistas e com os postos automatizados, as pequenas empresas quebram e ficam só as grandes redes. Com isso, o distribuidor de combustível passa também a controlar o abastecimento. O que você acha: isso aumentará ou reduzirá o preço final da gasolina? Aumentará, porque todo cartel sobe preços de produtos ou de serviços.
Hoje, existem cerca de 500 mil trabalhadores nos postos de combustíveis e serviços em todo o País. O autoatendimento desempregará mais de 400 mil. E milhares de pequenos postos, muitos deles de empresas familiares, vão quebrar, pois a bomba automática custa caro e porque o posto nesse novo padrão de atendimento tem que fazer obras de adaptação. Ou seja: gastar.
Vale ressaltar que setores importantes do patronato são contra o selfie-service, pois querem preservar as pequenas empresas e o emprego. O atendimento da forma que se faz hoje é bom também para o cliente, até porque o frentista abastece, mede o óleo, calibra o pneu, lava o para-brisas, sem cobrar. No sistema americano, todo serviço será cobrado – “one dólar” pra encher pneu, repor o óleo etc.
As direções dos frentistas, em todo o País, não se recusam a debater tecnologia e mudanças no sistema de trabalho. Mas repudiamos imposições. Até porque o Brasil vive um momento de desemprego medonho. Botar na rua mais 400 mil trabalhadores terá um impacto social gigantesco.
Já pedimos ao deputado Kim que retire suas emendas, mas ele se mostra radical. Por isso, estamos conversando com parlamentares de todos os partidos, em defesa do nosso direito de trabalhar e ganhar o pão honestamente. Felizmente, temos tido muitos apoios ao centro, à direita e à esquerda. Até porque emprego não tem ideologia.
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