O relatório do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC, na sigla em inglês) divulgado nesta segunda-feira (9/8) não deixa dúvidas: a emergência neste tema é real, deve-se à ação humana e exige medidas concretas e de monta para evitar uma catástrofe. O trabalho integra o Sexto Relatório de Avaliação (AR6) e sintetiza o conhecimento sobre as bases físicas das ciências relacionadas ao clima.
Em suma, o estudo analisa dados, como as alterações produzidas pelas emissões de gases de efeito estufa e aerossóis na atmosfera, mudanças nas áreas continentais e oceanos; elevação no nível dos mares; derretimento de geleiras; e alterações dos ecossistemas.
O documento do órgão técnico que é ligado à Organização das Nações Unidas (ONU) e é composto por 195 países, inclusive o Brasil, é considerado o mais importante desde 2014, já que é fruto de anos de análise de 14 mil estudos científicos, devidamente revisados.
Entre os principais pontos do relatório, está a estimativa de alcançarmos o limite do aquecimento global de +1,5°C em relação à era pré-industrial já em 2030, uma década antes do previsto. O dado deve ser considerado um alerta vermelho, dizem os especialistas, já que o fenômeno será responsável por episódios climáticos extremos. Como se suspeitava, e a divulgação do IPCC reforça agora com base mais consolidada na ciência, a mudança climática provocada pela ação humana já mostra seus efeitos em várias regiões do mundo, com intensas ondas de calor, secas, níveis severos de precipitações e ciclones tropicais.
Para fazer frente ao cenário, entre as muitas providências, conclui-se que há duas linhas de ação básicas: reduzir as emissões de poluentes de efeito estufa e proteger as florestas, o solo e os oceanos, que têm sido aliados essenciais na absorção de CO2, mas que hoje dão sinais de saturação.
O desafio que não pode mais ser ignorado deve ser enfrentado pelo conjunto da humanidade, dos Estados nacionais aos cidadãos individualmente, passando obviamente pelo setor produtivo. E cabe ao Brasil cumprir a sua parte, ainda que vivamos as grandes dificuldades da crise econômica, com alto desemprego e aumento da pobreza, e da pandemia fora de controle.
Como destacou a presidente da Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb), Patrícia Iglecias, em participação no programa “No Ponto”, é preciso envidar esforços de fato para que se cumpram os compromissos assumidos no Acordo de Paris. Além disso, a agenda ambiental significa eficiência na lógica empresarial e deve ser encarada dessa forma. Fazer diferente implicará comprometer cada vez mais a nossa qualidade de vida no planeta, especialmente para as futuras gerações.
Murilo Pinheiro – Presidente do Sindicato dos Engenheiros.
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