A temporada de chuvas expõe a fragilidade urbana, especialmente nos grandes centros. O que ocorreu em Porto Alegre, ano passado, em dimensão maior, se repete, proporcionalmente, a cada temporal nas áreas metropolitanas.
Os engenheiros têm alertado sobre o problema e proposto criar o que chamam Secretaria de Engenharia de Manutenção. “Sem planejamento e manutenção, essas cenas vão se repetir, prejudicando a todos, mas principalmente a população mais pobre”, observa Murilo Pinheiro, presidente do Sindicato da categoria no Estado de São Paulo e também da Federação Nacional (FNE).
Sindicato e Federação têm dialogado com o poder público, mas sem avanços. Murilo afirma: “O enfrentamento desse tipo de problema requer vontade política e engajamento social. É preciso, afora a manutenção permanente, formar um grupo eclético, um GT capaz de identificar os focos de problemas e responder com rapidez”.
Para o líder dos engenheiros, a própria incidência de enchentes e a destruição patrimonial, de certa forma, “já mapeiam as áreas críticas e os pontos que devem receber atenção prioritária”. A engenharia, segundo ele, está pronta pra atuar na prevenção e nos reparos.
Problemas antigos, soluções demoradas e complexas. Murilo Pinheiro defende a formação de parcerias público-privadas, até mesmo com isenção fiscal para empresas dispostas a enfrentar os danos gerados pelas chuvas e outros fenômenos climáticos.
Custos – Governantes, de modo geral, sempre apontam o problema dos custos na prevenção ou reparo. Mas Murilo lembra que não só os gastos públicos devem ser contados. Ele diz: “Os transtornos no transporte público, a paralisação de metrôs e trens, a interdição de ruas e avenidas, tudo isso é custo, custo pesado. Evidentemente que a manutenção preventiva reduziria em muito esse dispêndio”.
Educação – O dirigente engenheiro também vê necessidade de se educar a população, orientando corretamente sobre o descarte de lixo e entulho. “A rede pública de ensino e os veículos de imprensa podem ajudar nesse sentido”, conclui.