Nesta terça (4) completa 13 dias a greve dos metalúrgicos da Renault de São José dos Pinhais, no Paraná, contra a demissão de 747 trabalhadores da planta. A empresa não abre negociação e a categoria avisa que não vai recuar. A paralisação, iniciada no dia 21 de julho, segue forte e organizada.
A Renault argumenta que os cortes são necessários para ajustar a estrutura produtiva e custos à nova realidade de mercados e demandas menores, além de manter a competitividade da fábrica.
Do outro lado, o Sindicato dos Metalúrgicos da Grande Curitiba (SMC) tenta dialogar e cobra bom senso da empresa. “Queremos sentar e discutir uma forma de manter os empregos e a competitividade da empresa. Temos ferramentas pra isso. É só uma questão de boa vontade”, diz o presidente do SMC, Sérgio Butka.
PDV – Em 17 de julho, os trabalhadores rejeitaram pacote de medidas que envolvia data-base, participação de resultados e Programa de Demissão Voluntária (PDV), com o qual a montadora buscava eliminar 800 postos de trabalho. Pra quem ficasse, a proposta era suspensão de reajuste salarial por três anos. Como compensação seria pago um abono.
No entanto, dia 21 de julho, a empresa rompeu as negociações com o Sindicato e demitiu 747 trabalhadores. A entidade conta que boa parte desses funcionários estavam com problemas de saúde. “Demitiram trabalhadores afastados, do grupo de risco, alegando que não alcançaram as metas ou não tiveram boa produtividade”.
Protesto Nacional – Indignados, Centrais Sindicais e metalúrgicos de todo o País se solidarizaram com a situação e protestaram, quinta (30), em frente às concessionárias da Renault. A greve recebeu apoio nacional e Internacional da categoria.
As ações concentraram-se principalmente no Paraná, Caxias do Sul (RS) e São Paulo, nas cidades de Guarulhos e Osasco. Em São Paulo, ocorreram atos nas concessionárias da Vila Guilherme, Ipiranga e Vila Olímpia. Em Guarulhos, a manifestação foi na concessionária da Vila das Palmeiras.
Para Miguel Torres, presidente da Força Sindical, da Confederação Nacional da categoria e do Sindicato de São Paulo e Mogi das Cruzes, demitir 747 pais de família em plena pandemia da Covid-19 demonstra a insensibilidade social da Renault. “Vamos mostrar para a sociedade o quanto a empresa está sendo desumana num momento tão delicado”, diz Miguel.