Na semana em que se celebra o dia mundial voltado ao tema, espera-se que todos os cidadãos do globo, mas especialmente governos e empresas, reflitam seriamente sobre sua responsabilidade quanto ao futuro do planeta e da humanidade.
Nesta quinta-feira (5/6), comemora-se o Dia Mundial do Meio Ambiente, uma excelente oportunidade para um chamado à razão quanto à urgência de se fazer frente às muitas ameaças hoje concretas nesse campo. A responsabilidade quanto a isso é de todos nós, seres humanos que habitamos este planeta, consumimos seus recursos naturais e geramos poluição de vários tipos.
Obviamente, contudo, cabe àqueles com poder efetivo de determinar mudanças – os líderes políticos e as grandes corporações – fazer as opções necessárias para reverter um quadro já bastante alarmante, o que deve ser cobrado pela sociedade global.
A urgência climática, como se sabe, está no topo das preocupações, tendo em vista a presença já cotidiana de suas consequências, com eventos extremos gravíssimos se tornando cada vez mais frequentes, inclusive no Brasil, a exemplo da tragédia ocorrida no Rio Grande do Sul um ano atrás.
Para além das dificuldades nacionais de cumprir seus compromissos com relação à redução de emissões de gases de efeito estufa, observa-se piora mundial nos principais indicadores climáticos, conforme o relatório Estado do Clima Global, da Organização Meteorológica Mundial (OMM). Segundo o documento, 2023 bateu recorde na concentração de gás carbônico (CO2) na atmosfera, com 151% acima do nível pré-industrial, enquanto 2024 registrou aumento médio da temperatura de aproximadamente 1,55°C em relação ao período pré-industrial. Embora o dado não signifique que as metas do Acordo de Paris já foram ultrapassadas irremediavelmente – já que essas se referem a décadas, e não a apenas um ano –, é certamente um sinal de alerta.
Outra questão premente a ser levada em conta é a poluição plástica, considerada a segunda maior ameaça ambiental ao planeta, precedida, claro, pela emergência climática. Por isso mesmo, é o tema escolhido pelo Programa para o Meio Ambiente da Organização das Nações Unidas (ONU) para a celebração do 5 de junho deste ano, com evento a ser realizado na República da Coreia.
Para se ter uma ideia da magnitude do problema, conforme reportagem do Jornal do Engenheiro, a cada minuto, no Brasil, dois caminhões de lixo plástico são despejados no mar. No mundo todo, mais de 7 bilhões de toneladas de resíduos do material se encontram degradando em aterros ou lixões, o equivalente a mais de 70% do que foi produzido em 40 anos.
Agravando o quadro, o material, que pode levar 400 anos para se decompor, fragmenta-se em micro e nanoplásticos, já detectados na água, no ar, nos animais, em alimentos e até no corpo humano.
Os especialistas defendem, entre outras medidas, que a reciclagem seja bem mais efetiva do que se verifica atualmente, além do banimento do plástico de uso único, ou seja, os descartáveis.
É mais que tempo de enfrentar esses desafios, conscientizando-nos da sua extrema relevância e urgência. Como sempre, a engenharia tem muito a contribuir, desde que o bem comum e o conhecimento técnico se sobreponham ao imediatismo e ao lucro a qualquer preço.
Murilo Pinheiro. Presidente do Sindicato dos Engenheiros no Estado de São Paulo (Seesp) e da Federação Nacional da categoria (FNE).