Nação, povo e solidariedade

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Walter dos Santos é presidente do Sindicato dos Empregados no Comércio de Guarulhos (Sincomerciários)

Quando escrevo esse texto estamos com mais de cinquenta e cinco mil mortos pela Covid-19 apenas no Brasil, quase meio milhão de pessoas em todo o mundo, isso no espaço de poucos meses.

O número de mortos é típico de uma guerra e banalizamos isso. Todos os dias, a televisão fala em mais de mil mortos no Brasil e as pessoas reagem como se isso fosse normal.

Sabemos que o Brasil padece de outras desgraças, como violência desenfreada, que também tira milhares de vidas, outras doenças, como dengue, por exemplo e o nosso trânsito, que mais parece um matadouro.

Devemos nos prevenir contra tudo isso. É exatamente por este motivo que as pessoas, cada cidadão brasileiro, têm que por uma mão no coração e a outra na consciência e avaliar o que estamos fazendo como nação, como povo.

Brigamos por governantes de ocasião como se fossem os nossos salvadores da pátria, quando não são. Minimizamos a morte do desconhecido, simplesmente porque ele não faz parte do nosso círculo de amizades ou da nossa família, jogamos papel no chão, tratamos o espaço público, as praças, as ruas, como se não fossem de ninguém, quando, na verdade, são de todos.

E para enfrentar essa praga de coronavírus precisamos desse espírito de equipe. Precisamos respeitar a vida de todos, compreender as dificuldades, exercitarmos a nossa tolerância e perceber que não está fácil para ninguém.

Não é hora do patrão explorar o empregado, não é hora de tirar vantagem, o momento é de ser solidário.

O ideal é que tivéssemos feito uma quarentena de verdade, como ocorreu em países como a China, que fechou tudo, não deixou ninguém sair e em pouco tempo pode retomar uma vida mais próxima do normal.

Mas a falta de cidadania, o desgoverno de Jair Bolsonaro, a politização da doença e a ganância não permitiram.

É claro que nos preocupamos com os efeitos na economia e nas vidas das famílias brasileiras, mas o governo federal deveria ter bancado os custos das pequenas empresas e os trabalhadores e não ficado tumultuando, tirando e colocando Ministro da Saúde, desfilando pela rua e incentivando manifestações, como fez o nosso Presidente da República.

Esperamos que o Estado Brasileiro considere a saúde da população como prioridade. Esta responsabilidade se estende inclusive para dentro do lar e nossas famílias e das empresas. Todos somos responsáveis pela vida uns dos outros, se não pensamos na vida do nosso próximo, isso pode se voltar contra nós, a doença que atinge o desconhecido hoje, pode atingir alguém da nossa família amanhã. Pensemos nisso…