Terminou sem avanço a reunião entre as Confederações que representam os trabalhadores da alimentação (CNTA Afins e Contac-CUT) com dirigentes da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA). O objetivo do encontro foi debater medidas de segurança e proteção dos funcionários dos frigoríficos diante da proliferação da Covid-19 dentro das plantas de processamento.
Há quinze dias, em conjunto com a União Internacional dos Trabalhadores da Alimentação (UITA), as representações trabalhistas lançaram campanha com o propósito de alertar a sociedade para as péssimas condições de trabalho no setor.
As reivindicações mínimas exigidas pelos entidades de classe são aumento de turnos com redução de funcionários em cada período, distanciamento de dois metros entre trabalhadores, testagem geral quando houver retomada das atividades de uma fábrica interditada e troca diária de máscaras de proteção.
Segundo Artur Bueno de Camargo, presidente da CNTA Afins (Confederação Nacional dos Trabalhadores na Alimentação), os dirigentes devem intensificar a campanha diante da falta de acordo. Com apoio da UITA, a denúncia das condições precárias nos locais de trabalho deve chegar em toda a América Latina, Estados Unidos, Europa, Ásia e China.
“Depois de seis meses de tentativas de negociação, abriu-se um canal com a ABPA. No entanto, ficou evidente a intransigência dos frigoríficos em atender as principais reivindicações para garantir a segurança dos trabalhadores. É revoltante”, denuncia Artur.
Consequências – O sindicalista alerta que a falta de um protocolo de segurança eficaz por parte do governo e a ganância das empresas, que está sendo colocada acima da vida dos trabalhadores, podem trazer consequências desastrosas.
Preços – A consequência da apatia do governo já é sentida no bolso do consumidor. Desde março, entidades chamam a atenção para a necessidade de ações preventivas no intuito de garantir o abastecimento do mercado interno com proteção adequada dos trabalhadores. Porém, a indústria elegeu a exportação como prioridade frente ao mercado externo aquecido. “Com isso, os preços dos alimentos dispararam no País – inclusive o preço da carne. Justamente num momento em que o poder aquisitivo do brasileiro diminuiu”, ressalta Artur.
Greve – Para o presidente da CNTA, a situação está insustentável. “Caso as empresas não negociem ou o governo se negue a adotar um protocolo eficaz pra garantir a vida dos funcionários do setor, poderá haver uma paralisação da produção de carne no Brasil. Isso não será bom para ninguém”, afirma Camargo.
Mais – Acesse o site da CNTA.