Oposição sem proposta não se sustenta! – Artur Bueno de Camargo

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Em política, sempre valorizei a existência de uma oposição, seja no caso dos poderes Executivo ou Legislativo; nos municípios, estados ou esfera federal.

Mas aqueles que se opõem às propostas apresentadas pelo governo devem, assim como os que as apoiam, apresentar alternativas. É fundamental exercer a crítica, mas também é essencial contribuir com sugestões que visem, de forma concreta, o bem-estar da população.

Só assim ocorre o que considero mais importante na política: o debate propositivo. Apenas desta forma, serão aperfeiçoadas as ideias que podem ser transformadas em projetos, debatidos com as representações da sociedade, lapidados e, quando pautados para votação, estarão ajustados.

Da parte do Parlamento, este procedimento é um dever, que contribui de forma significativa com o desenvolvimento sustentável do país, proporcionando bem-estar à população e valorizando o papel do Legislativo perante o povo.

Acompanho a política há mais de 60 anos e não me lembro de nenhum momento em que tenhamos eleito um parlamento que fosse o ideal, na minha modesta avaliação. Confesso, contudo, com convicção, que no Brasil nunca tivemos uma oposição tão vazia de propostas quanto a atual, com mandato até o final de 2026.

A única atividade desses parlamentares que se dizem de oposição ao governo no Congresso Nacional tem sido tentar enfraquecer o presidente Lula, sem medir as consequências, recorrendo a distorções e mentiras deslavadas.

Poderíamos citar dezenas de exemplos de propostas feitas pelo governo e rechaçadas por tal oposição: isenção de impostos para gêneros de primeira necessidade da cesta básica; fim da redução de tributos para os 17 setores que vêm sendo privilegiados e desequilibrando o Orçamento; fim da jornada de trabalho 6×1; cobrança de impostos sobre lucros e dividendos do setor financeiro.

Ao mesmo tempo, após muita pressão popular, aprovam por unanimidade a isenção de Imposto de Renda para quem ganha até 5 mil reais por mês e a redução proporcional para quem ganha até 7 mil, sabendo, contudo, que haveria a necessidade de repor esse custo no Orçamento. Já se sabia que a solução era taxar os mais ricos!

Porém, quando o governo encaminha uma medida provisória para aumentar a cobrança em 18% dos mais ricos – reduzindo depois para 12% –, a oposição, chamada de “bloco da extrema-direita”, vota contra, achando que essa atitude prejudica o presidente Lula.

Não! Essa atitude prejudica a população mais necessitada, caso o governo seja obrigado a cortar gastos e reduzir investimentos nas políticas sociais.

O pior é que, quando os partidos adotam uma política do “quanto pior, melhor”, trabalham com o único objetivo de enfraquecer o governo federal – e isso acaba se estendendo para os estados e municípios.

Por mais que tentem justificar que eles são contra o aumento de impostos, essa narrativa é falsa. Não se trata de aumento, e sim de uma correção tributária: cobrar um pouco mais de quem ganha muito e isentar ou cobrar menos de quem ganha menos.

A verdade é implacável. Mais cedo ou mais tarde ela virá, porque aqueles que foram eleitos para defender o interesse da população, estão defendendo apenas os próprios interesses – a exemplo da PEC da Blindagem, e a falta de projetos que beneficiem a sociedade.

Artur Bueno de Camargo. Presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores nas Indústrias de Alimentação e Afins.