A pandemia da Covid-19 agravou a situação de todos os trabalhadores. Na Educação, foi um terremoto. O sindicalismo do setor, já agredido por ataques a direitos e pela própria recessão, precisou ocupar várias frentes de batalha ao mesmo tempo.
Quem fala à Agência Sindical sobre essas lutas é Celso Napolitano, que preside a Federação dos Professores do Estado de São Paulo (Fepesp) e integra a diretoria do Sindicato dos Professores (Sinpro-SP). Ele também preside o Diap – Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar.
Além da atuação sindical, o professor conta que as entidades precisaram fazer o que chama de “acolhimento”. Ou seja, ouvir, aconselhar e orientar diante de um quadro de forte pressão econômica e emocional, vinda de todos os lados.
PRINCIPAIS TRECHOS:
Fepesp – “A base da nossa Federação reúne 160 mil professores e auxiliares de administração escolar, ou seja, docentes e não-docentes. São 25 Sindicatos filiados”.
Professor – “Com a pandemia, o professor foi colocado na sua residência e transferido para o ambiente virtual, com o qual ele não tinha intimidade, sem ter feito sequer planejamento pedagógico pra essa modalidade de ensino. As condições pioraram muito”.
Qualidade – “O trabalho no isolamento agravou tudo. A carga horária aumentou. Muitos precisaram adquirir equipamentos ou banda larga. No ensino superior, as escolas transferiram aos profissionais a tarefa de controlar a frequência dos alunos”.
Demissões – “Demitiram muito. Só a Uninove dispensou 580 trabalhadores. Os Sindicatos e a Federação tentaram, por vários meios, segurar os cortes ou negociar a continuidade de salários e benefícios, como planos de saúde. Tivemos que recorrer à Justiça várias vezes”.
Negociações – “Adotamos a tática de conter danos. Negociamos com as instituições, uma vez que o sindicato patronal adotou uma postura radical.
Fizemos diversas assembleias virtuais, com debate, ampla participação e votação. Conseguimos liminares e acordos na Justiça”.
Patronato – “As mantenedoras fizeram o chamado ‘ensalamento’, reunindo centenas de alunos em sala virtual, o que é péssimo. O sindicato patronal pressionou pelo retorno presencial. Nós sempre dissemos que não havia condições seguras.
E os próprios pais se recusaram a mandar os filhos às escolas, devido à insegurança”.
Retorno – “A volta às aulas é prevista pra fevereiro. Nossa Convenção estabelece recesso em janeiro. O retorno, se houver, vai jogar uma carga muito pesada nos ombros dos trabalhadores, especialmente do professor, que ficará com a responsabilidade de repor o conhecimento que não se adquiriu este ano. Retomar o trabalho numa escola é muito diferente do retorno em um banco ou numa fábrica”.