Pela vida, emprego e democracia

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Wagner Gomes – secretário-geral da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB); Álvaro Egea – secretário geral da Central dos Sindicatos Brasileiros (CSB), e João Carlos Juruna – secretário-geral da Força Sindical;

Durante a quarentena para contenção do coronavírus, várias manifestações sociais e populares foram realizadas de forma criativa, respeitando o isolamento social.

Nós, do movimento sindical, estamos em plena atividade. Lutamos para aumentar os míseros R$ 200,00 do Auxílio Emergencial proposto pelo governo, e ganhamos essa batalha alcançando um Auxílio de R$ 600,00, que ainda não é o ideal, mas é muito mais do que a proposta inicial. Realizamos um inovador e importante ato unificado no 1º de Maio, trazendo para o mesmo palanque líderes de diversas correntes, como Lula, Fernando Henrique, Marina Silva e Ciro Gomes. E, além disso, iniciamos, com todas as Centrais, uma campanha contra os retrocessos do governo Bolsonaro.

Desde o início da pandemia, condenamos, com razão, manifestações de rua promovidas por apoiadores do governo, porque, além de levantar bandeiras antidemocráticas, elas desdenham da crise sanitária e provocam aglomerações, ajudando a disseminar o vírus.

Condenamos, sobretudo, o fato de o próprio presidente Bolsonaro participar de muitas destas manifestações, sem o uso de máscara de proteção e estabelecendo contato físico com os manifestantes. Com isso, ele está, em um só tempo, apoiando ataques à democracia e contrariando as orientações da Organização Mundial de Saúde.

Nesta primeira quinzena de junho de 2020, ainda está em vigor a necessidade de lutar pela quarentena. Hoje, quando o Brasil ultrapassa o macabro índice de 30 mil mortos pelo coronavírus, impõe-se a necessidade de lutar, antes de tudo, pela vida e para conter o vírus.

Por isso afirmamos que Bolsonaro e seu governo têm a obrigação de investir na saúde e na sustentação econômica do povo brasileiro durante a pandemia. Mas, se nosso campo provoca a deflagração de manifestações de rua, como vamos fazer essa cobrança tão essencial?

Temos ouvido, conversado e lido muitos argumentos favoráveis e contrários sobre este assunto. Compreendemos que é angustiante para os progressistas, democratas e todas as pessoas que querem o bem do Brasil se manter em quarentena, enquanto os bolsonaristas mantêm um ritmo semanal de manifestações, ainda que diminutas. Mas ceder a este impulso agora é destruir a campanha que construímos de combate à propagação do vírus, pela vida e pelo emprego.

Vale a pena destacar, neste grande debate, a questão das notas de repúdio, manifestos e cartas abertas em defesa da democracia. A efervescência das ruas tem criado um falso contraste com esse tipo de produção, injustamente tachados de comodismo e inação. Isso não é verdade. Somadas às manifestações criativas, ações, negociações, e também a ações de rua, quando for seguro realizá-las, as notas nos ajudam tanto a saber a posição de cada entidade quanto a amadurecer e definir a posição da entidade que representamos. E esta elaboração nos guia e nos dá unidade na ação.

Desta forma, concluímos que os movimentos experientes e organizados devem manter sua postura na luta contra a pandemia e em defesa do SUS, em defesa do auxílio emergencial aos trabalhadores e financiamento das pequenas empresas, em respeito aos trabalhadores e suas instituições e pela união nacional. Esta é hoje a principal ação de combate aos retrocessos do governo Bolsonaro.