Na última quarta (9), o uso de máscaras deixou de ser obrigatório em espaços abertos no Estado de São Paulo. A decisão, anunciada pelo governador João Doria (PSDB), inclui as escolas da rede pública e privada, em ambientes como quadras esportivas e o pátio das instituições de ensino. Em salas de aula a exigência está mantida.

Celso Napolitano, presidente da Fepesp (Federação dos Professores do Estado de SP), está reticente quanto à liberação. Ele explica: “Eu, como professor, acho complicado, principalmente na Educação Básica. No Ensino Superior é mais fácil, os estudantes já sabem onde devem ou não tirar a máscara”.

Para o professor seria preferível ter uma determinação única, que não traga dúvidas. “Não concordo com liberar em partes da escola e em outras não. Muitos alunos não têm discernimento para saber onde tirar. E a cobertura vacinal das crianças ainda é baixa. O melhor é ouvir o que a ciência diz”, completa Napolitano.

Ciência – Pesquisadores ligados à Rede de Pesquisa Solidária, que há dois anos monitora ações de combate à Covid-19, ainda defendem reforços na proteção. Eles avaliam que a precaução é necessária, ainda mais que muitos governos deixaram de limitar a ocupação das salas de aula.

“As taxas de mortalidade e hospitalização de crianças no Brasil são mais elevadas do que as observadas em outros países, e a cobertura vacinal ainda é muito baixa”, afirma a cientista política Lorena Barberia, da Universidade de São Paulo, coordenadora do grupo.

Índice – Os pesquisadores criaram um Índice de Segurança do Retorno às Aulas Presenciais. Ele varia de 0 a 100. SP ficou com nota 51, acima da média dos outros Estados, que foi 47. Entre as capitais, a Prefeitura de São Paulo foi a que recebeu melhor pontuação, com 59, acima da média atingida pelos outros municípios, que foi 43.

“A flexibilização das medidas não encontra justificativa nos indicadores epidemiológicos que temos observado. Ainda é necessário fazer um esforço maior “, diz o pesquisador Luiz Guilherme Cantarelli, um dos responsáveis pelo levantamento.

Medidas – Os pesquisadores defendem a distribuição massiva de máscaras de alta qualidade nas escolas públicas, especialmente para alunos de famílias mais pobres. Propõem também a realização de testes, além da exigência de comprovante de vacinação contra a Covid-19 das pessoas que frequentam as instituições de ensino.

Vacinação – São Paulo informa em seu último boletim da Covid-19, publicado quinta (10), que 80,82% da população entre 5 a 11 anos recebeu a primeira dose da vacina, e 27,43% a segunda. Entre os jovens de 12 a 17 anos, 99,74% estão com a cobertura vacinal completa.

Máscara – O uso obrigatório de máscaras em São Paulo foi instituído em maio de 2020 como forma de combate e prevenção ao coronavírus, sob pena de multa e inclusive prisão.

MAIS – Acesso o site da Fepesp. Ou veja aqui os boletins diários da Covid-19 na Capital.