20.1 C
São Paulo
domingo, 27/04/2025

Recado claro

Data:

Compartilhe:

João Guilherme Vargas Netto é consultor sindical e membro do Diap. E-mail: joguvane@uol.com.br

Não é coincidência; é causa e efeito.

No mesmo dia, em que os metalúrgicos da Renault voltaram ao trabalho, depois de três semanas de greve vitoriosa em que a empresa foi obrigada a desfazer as 747 demissões, a GM negociou com o Sindicato dos Metalúrgicos de São Caetano (SP) um plano de lay-off e suspensão de contratos até março e um PDV, no qual até um carro novo entrava como chamariz. Mas não demitiu.

A disposição das montadoras não era esta em junho quando a Nissan demitiu 398 trabalhadores em Resende e o presidente da Anfavea declarou que “o emprego está em risco sim”.

Em julho, a diretoria da Renault resolveu “passar a boiada” com um pacote fechado de medidas lesivas aos trabalhadores e cuja maldade máxima era a demissão de 747 deles, muitos doentes e afastados.

A empresa apresentou ao sindicato um ultimato não admitindo a mínima discussão e implementando as medidas intempestivamente.

A reação dos trabalhadores e do sindicato foi imediata e em assembleia determinaram a greve que se generalizou nos turnos da empresa.

A condução sindical foi exemplar porque o sindicato e sua diretoria, liderada pelo presidente Sergio Butka, vinha desde sempre se preparando e se organizando como sindicato de luta e de força, unitário e representativo.

Ao mesmo tempo em que se sustentava na unidade dos trabalhadores agiu para ampliar os apoios no movimento sindical (até mesmo internacional), no mundo político, no mundo jurídico e na opinião pública, desencadeando um movimento familiar de apoio aos grevistas em defesa dos demitidos.

Com a atitude sindical firme, a Justiça do Trabalho deu ganho de causa aos trabalhadores e o Sindicato voltou a negociar com a empresa um protocolo que era encabeçado pela readmissão dos demitidos. A greve vitoriosa foi suspensa com votações presenciais e eletrônicas maciças dos trabalhadores e o recado foi claro: não às demissões, sim às negociações com o sindicato. A boiada não passou!

Parece que a GM e as montadoras em geral entenderam o recado dos metalúrgicos do Paraná.

 

Conteúdo Relacionado

O trabalho em plataformas digitais exige regulação – Clemente Ganz Lúcio

O Parlamento e o Conselho Europeu aprovaram, em novembro de 2024, a Diretiva UE 2024/28311, em vigor desde 2 de dezembro, com regras para...

Três datas importantes – Josinaldo José de Barros (Cabeça)

Destaco neste artigo três datas importantes à categoria metalúrgica, sendo uma delas ainda mais significativa pra toda a classe trabalhadora.21 de abril - Dia...

Uma metáfora – João Guilherme Vargas Netto

Tomando um rio como metáfora para o sindicalismo, a corrente de água é o movimento e as margens (e outros acidentes geográficos) são os...

É mais do que justa a isenção do IR para quem ganha de até R$ 5 mil – Luiz Claudio Marcolino

A proposta de isenção de Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil por mês foi uma promessa de campanha do Presidente...

Os verdadeiros vilões da política fiscal – Adriana Marcolino

Aumento do salário mínimo, que beneficia milhões de pessoas vulneráveis e estimula a economia do país, está longe de ser a causa do descontrole...