20.8 C
São Paulo
quarta-feira, 28/05/2025

Reforma trabalhista – Uma tragédia anunciada

Data:

Compartilhe:

A reforma trabalhista completou quatro anos no último dia 11 de novembro sem entregar os 6 milhões de empregos prometidos – pior, o desemprego saltou de 12% para 13,2% no período, além de desregular o mercado de trabalho com a expansão da informalidade e da precarização das relações de trabalho.

As alterações em mais de cem itens da Consolidação das Leis Trabalhistas, a CLT, foram um ataque sem precedentes aos trabalhadores brasileiros. Quatro anos após a aprovação da nefasta proposta, o Supremo Tribunal Federal segue julgando suas inúmeras inconstitucionalidades. Duas das alterações mais cruéis já foram derrubadas pelo STF: a permissão para a mulher grávida trabalhar em local insalubre e os empecilhos para o acesso à Justiça gratuita. O Supremo ainda se manifestará sobre temas importantes, como o teto indenizatório em ações trabalhistas, o trabalho intermitente, o tal acordado sobre legislado e o fim da ultratividade, entre outros temas.

O enfraquecimento das negociações coletivas, na contramão dos países centrais, foi um dos principais alvos da reforma trabalhista. Para isso era preciso enfraquecer a estrutura sindical. O fim do imposto sindical e da ultratividade foram os pontos de partida de um processo que desencadearia no que vemos hoje.

Segundo dados da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas, a Fipe, 50,5% dos acordos e convenções coletivas realizadas no país entre janeiro e julho deste ano resultaram em reajustes abaixo do Índice Nacional de Preços ao Consumidor, o INPC. Em 2020, o reajuste salarial mediano do trabalhador brasileiro fechou o ano em 3,5%, longe dos 4,48% do INPC do ano anterior. Em 2019, antes da pandemia, foram apenas 25,7 mil negociações coletivas concretizadas ante 30,4 mil antes da reforma trabalhista de 2017.

Uma das mais graves mudanças foi o fim da homologação obrigatória nos sindicatos. A alteração, que passou despercebida por muitos, virou ferramenta de fraudes e golpes contra os trabalhadores que pouco conhecem seus direitos e conquistas.

Apesar do fracasso da reforma trabalhista, que fica nítido quando olhamos o aumento do trabalho escravo, a explosão do mercado informal – 42,7 milhões de trabalhadores informais ante os cerca de 36 milhões antes da reforma – e a queda da renda média real dos trabalhadores brasileiros, Jair Bolsonaro e Paulo Guedes insistem em promover alterações na legislação trabalhista com a cringe falácia do “menos direitos e mais empregos”.

Antonio Neto é presidente municipal do PDT de São Paulo e presidente da CSB (Central dos Sindicatos Brasileiros)

Clique aqui e leia mais artigos.

Conteúdo Relacionado

Ensino de engenharia deve ser 100% presencial – Murilo Pinheiro

Em suas inúmeras modalidades e áreas de atuação, a engenharia é regulamentada por lei e fiscalizada, tendo em vista a necessidade imperativa de que seja...

A política de emprego da China – Nivaldo Santana

Em uma sessão de estudo do bureau político do Comitê Central do Partido Comunista da China (PCCh), realizada em maio de 2024, o secretário-geral...

Força de trabalho impulsiona a economia do país – Eusébio Pinto Neto

O movimento sindical assumiu a responsabilidade de apoiar o governo Lula, assegurar a democracia do país e promover melhorias na qualidade de vida da...

Somos todos políticos, ou deveríamos ser – Milton de Araújo

Do dicionário, a palavra “política” significa “arte ou ciência de governar e arte ou ciência da organização, direção e administração de nações ou Estados”....

Clamor popular pela redução da jornada – João Guilherme Vargas Netto

No Brasil republicano tem sido difícil a luta pela redução constitucional da jornada de trabalho, ainda que várias reduções tenham acontecido em empresas e...