Que o fim do Auxílio Emergencial representa a expansão da miséria e aprofundamento do desalento na camada mais pobre da população, muita gente sabe. Mas além do imediato sofrimento dessas pessoas, a descontinuidade do Abono também significa quebradeira nas micro e pequenas empresas. A paralisação desse ciclo traz mais desemprego e prolonga o tempo de recuperação econômica.

Estudo da FGV mostra que o Brasil, com mais de 14 milhões de desempregados atualmente, pode chegar a ter entre 10% e 15% de sua população na extrema pobreza. Ou seja, pode atingir entre 21 milhões e 31 milhões de pessoas, com renda per capita menor que R$ 155,00 por mês, informa reportagem do UOL.

O governo federal, porém, parece não se sensibilizar com o drama da pobreza e falências generalizadas. Alega não ter recursos para bancar o benefício e quando abre a possibilidade de retomar os pagamentos sugere, em troca, a retirada de recursos de áreas como Educação e Saúde.

De acordo com o presidente Jair Bolsonaro e seu ministro da Economia, Paulo Guedes, mesmo com essa manobra só seria possível garantir R$ 250,00 a 32 milhões de brasileiros, menos da metade dos beneficiários do programa original.

“O sindicalismo lutou e conquistou o Auxílio Emergencial de R$ 600,00. Bolsonaro não queria pagar nada. Depois, chegou a R$ 200,00. Mas teve de aceitar os R$ 600,00 aprovados pelo Congresso”, lembra José Pereira dos Santos, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Guarulhos e Região.

Economia – Os números da miséria poderiam ser reduzidos com o Emergencial, o que diminuiria o sufoco na economia. “O governo alega que isso seria ruim, pois aumenta o endividamento, mas ao expandir a dívida para algo virtuoso como o Emergencial, o PIB poderá crescer e com isso diminuir o problema da relação dívida-PIB”, explica Rodolfo Viana, economista do Dieese.

Pereira também acredita na viabilidade do Abono, mas acrescenta que a imunização da população também é essencial. Ele diz: “A luta por vacina pra todos e retorno do Emergencial de R$ 600,00 não é bandeira partidária ou de segmentos. Deve ser luta nacional, do povo brasileiro, em defesa da sua própria vida”.