O Sindicato Nacional dos Aposentados, Pensionistas e Idosos da Força Sindical divulgou nota nesta terça (15) se manifestando contrário a ampliação do prazo de desoneração de setores da indústria. “Apesar da crise, muitas corporações, beneficiadas pela desoneração, registraram crescimento.

Em nota a entidade alerta ainda que se torna mais grave a medida quando, paralelamente, o governo cogita o congelamento das aposentadorias.

João Inocentini, presidente do Sindnapi e quem assina a nota, diz que a pressão da indústria pela desoneração, alicerçada no argumento de que evitaria 6 milhões de desempregos, demonstra-se frágil quando inserido no contexto de que muitos setores, há anos, estão pagando cargas tributárias menores sob a premissa de manutenção e ampliação de empregos. “Neste momento de crise, as grandes corporações devem dar a sua parcela de contribuição depois de muitos anos de reservas acumuladas”, diz o sindicalista.

Em relação a proposta do governo de congelar o salário mínimo e o BPC – Benefício de Prestação Continuada para criar o Programa Renda Brasil, o Sindnapi foi taxativo ao dizer que a Previdência Social nunca foi o problema do Brasil, já que 67,5% dos beneficiários recebem um salário mínimo.

E completa dizendo que um dos grandes problemas está em uma minoria que recebe superaposentadorias. São esses que sobrecarregam o sistema previdenciário. “Quem terá a coragem para colocar esse assunto em debate com a sociedade? Esse é o debate real, e não congelar benefícios”, diz o texto.

Confira a seguir a íntegra da nota:

NOTA OFICIAL DO SINDNAPI

É absurdo desonerar os ricos e sobretaxar os aposentados

O Sindicato Nacional dos Aposentados, Pensionistas e Idosos é totalmente contra à ampliação do prazo de desoneração de setores da indústria. Ainda mais grave se torna a medida quando, paralelamente, o governo cogita o congelamento das aposentadorias.

Apesar da crise, muitas corporações, beneficiadas pela desoneração, registraram crescimento. Caso da área de Tecnologia da Informação, em que o advento da “digitalização da vida”, alterando significativamente as relações de trabalho, fez com o que o setor expandisse durante a pandemia.

A pressão da indústria pela desoneração, alicerçada no argumento de que evitaria 6 milhões de desempregos, demonstra-se frágil quando inserido no contexto de que muitos setores, há anos, estão pagando cargas tributárias menores sob a premissa de manutenção e ampliação de empregos. Assim, então, neste momento de crise, as grandes corporações devem dar a sua parcela de contribuição depois de muitos anos de reservas acumuladas.

Na outra ponta da escala social, estão os aposentados e pensionistas, em que 67,5% dos vinculados ao INSS lutam para sobreviver com um salário mínimo de atuais R$ 1.

045,00 e temem que seus benefícios sejam congelados por dois anos com objetivo de estabilizar a economia ou ser fundo para programas de renda, conforme disse o governo, que parece ter recuado quanto à esta ideia absurda.

A Previdência Social nunca foi o problema do Brasil, já que 67,5% dos beneficiários recebem um salário mínimo. Um dos grandes problemas está em uma minoria, que recebe superaposentadorias. São esses que sobrecarregam o sistema previdenciário, no entanto, quem terá a coragem para colocar esse assunto em debate com a sociedade? Esse é o debate real, e não congelar benefícios.

Quanto à retomada da economia em tempos de crise, vale destacar que quase 70% das economias dos municípios brasileiros dependem do dinheiro dos aposentados e pensionistas.

Desonerar grandes setores da indústria e taxar os aposentados é livrar os ricos de contribuírem ao País para superarmos a crise e sobretaxar os mais vulneráveis, que sobrevivem, no limite para manter uma vida com dignidade.

JOÃO BATISTA INOCENTINI
Presidente do Sindicato Nacional dos Aposentados, Pensionistas e Idosos