Os trabalhadores da General Motors – GM, em São José dos Campos, São Caetano do Sul e Mogi das Cruzes, voltaram ao trabalho nesta quarta (8). E voltaram com a vitória. A greve nas três unidades garantiu a readmissão de todos os dispensados, pagamento dos dias parados desde 23 de outubro e a continuidade das negociações.
A Agência Sindical, desde o início, divulgou a resistência da categoria e a atuação das direções contra as 1.244 demissões ilegais, feitas pela múlti por telegrama – pelo nosso site, redes sociais, por meio de vídeos e no boletim diário Repórter Sindical.
Dirigentes – Na manhã da quarta (8), o jornalista João Franzin falou com dois dirigentes do Sindicato da categoria em São Paulo e Mogi: Jorge Carlos de Morais (Arakém) e José Luiz de Oliveira. Os dois, mais David Martins Filho, atuaram na linha de frente do movimento e nas negociações.
Na terça, eles haviam participado, “das 2 horas da tarde às 10 pras 2 da manhã”, conta Arakém, da segunda reunião que buscava definir os termos do acordo coletivo e encaminhar outras questões. Participaram os três Sindicatos e também os Jurídicos das partes.
O que se definiu, basicamente:
. Cancelamento de todas as demissões e reintegração dos trabalhadores;
. Volta ao trabalho, exceto para os metalúrgicos sob lay-off, que é a suspensão do contrato, conforme a lei, garantindo-se pagamento salarial e estabilidade no emprego;
. Definição de um modelo para PDV – Programa de Demissão Voluntária. PDV deve ser definido até 30 de novembro.
. Não-desconto dos dias parados.
. Pagamento de uma primeira parcela referente aos dias parados em outubro; pagamento dos dias restantes referentes a novembro.
Lay-off – Acordo precede a greve e os sindicalistas entendem que a estabilidade vai até maio. Quem está em lay-off, segundo o entendimento entre as partes, vai ficar de licença remunerada até o desfecho do caso GM.
A paralisação dos 12 mil trabalhadores da GM é a maior no setor metalúrgico, em muitos anos. Arakém: “A greve foi causada pela empresa. Legítima reação dos companheiros aos mais de 1.200 cortes. Não é, portanto, de responsabilidade dos trabalhadores”.
José Luiz de Oliveira destaca a unidade dos metalúrgicos. Ele diz: “Nossa unidade na luta foi decisiva, demonstrando união, resistência e força”. Segundo o dirigente, “outros trabalhadores, de outras categorias, e mesmo setores amplos da sociedade viram que o sindicalismo, quando atua unido, com razão, tem muita força”.
Para Jorge Arakém, a unidade deve prosseguir. “O que começou junto, lutou junto, buscou a Justiça do Trabalho, o Ministério do Trabalho, o Ministério Público do Trabalho e outras instituições do Estado e também negociou com a direção da empresa precisa continuar”. Há questões pendentes, ele ressalta.
Para José Luiz, do Sindicato da Capital e Mogi, o sindicalismo sai fortalecido. Ele comenta: “Tem um companheiro que era bolsonarista radical e agora só fala bem do Sindicato”. O dirigente também acredita que a luta ampla na GM “mostrou à sociedade contaminada pelas fake news que o movimento sindical defende causas justas, que temos papel social”.
Satisfação – Um outro aspecto que Arakém destaca é a satisfação pessoal e de haver cumprido o mandato sindical. Ele comenta: “Salvar um emprego já é bom. Mas trazer de volta 1.240 postos de trabalho nos dá uma alegria muito grande. É gratificante”.
Miguel Torres, presidente do Sindicato e da Força Sindical Nacional participou do movimento em vários momentos. É dele o mote “a luta faz a lei” . No caso da GM fez valer a lei, a sentença do STF e as decisões dos Tribunais do Trabalho de SP e da 15ª Região.
Lei – O resultado da luta na GM reforça o primado do legislado, pois a empresa perdeu em dois TRTs e também teve que ser curvar a sentença do Supremo, segundo a qual prevalece a CLT quando houver intenção do empregador de demitir em massa.
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