Distopia e utopia – A companheira Maria Edna, do Sintetel-SP, é leitora atenta e muito preocupada com o futuro do trabalho humano. Assim como ela muitos ativistas, dirigentes, acadêmicos e pesquisadores – no mundo inteiro – preocupam-se com o tema.
Desde o avassalamento neoliberal no mundo inteiro (exceto da China, o que deve ser levado em conta) as relações do trabalho e o próprio sofreram mutações espetaculares que as desorganizaram e infligiram aos trabalhadores dificuldades crescentes: desemprego, informalidade, deterioração dos salários, enfraquecimento dos sindicatos e associações, desindustrialização, imigrações e guerras localizadas. O próprio trabalho (como categoria para compreender a realidade humana) foi posto em questão e desprezado na mídia grande e nas academias.
A pandemia, feroz, agravou ainda mais este quadro dantesco de tal maneira que hoje, diferentemente das outras ondas do capitalismo (fábricas, maquinário, grandes organizações, linhas de produção, instituições coletivas), esta ao invés de desorganizar e criar novas condições de organização, apenas desorganiza.
Sobre o futuro apresentam-se duas alternativas conceituais: ou a distopia que significa medo e desesperança ou a utopia que pressupõe a superação alienada do capitalismo e sua anulação.
É assim que as coisas se apresentam. Não vejo como especular sobre o futuro do trabalho nestes escombros sem resistir ao desmantelamento atual e conter os danos que são graves. O futuro do trabalho depende da resistência dos trabalhadores hoje, nas difíceis condições atuais.
Na preparação da nova CONCLAT, as direções sindicais devem ouvir aqueles especialistas que nos defendem, como o professor Adalberto Cardoso, atentos ao enfrentamento da crise atual e não atraiçoados por uma utopia de futuro que ainda não aconteceu, mas já desorienta a muitos.
São estas, companheira Maria Edna, minhas preocupações e minhas considerações.
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