26.3 C
São Paulo
sábado, 7/09/2024

Petrobras no paredão – por Eusébio Luís Pinto Neto

Data:

Compartilhe:

Estamos muito atentos à intervenção do Governo Federal na Petrobras, pedra angular do mercado de óleo, gás e derivados no Brasil – do qual nós frentistas estamos na ponta, entre os postos e o consumidor final. Há algum alento na possibilidade de quebra da vinculação do preço dos combustíveis consumidos no país ao mercado internacional. Porém, não há como não se inquietar com o derretimento do valor de mercado da empresa, na casa das centenas de bilhões de reais, em questão de dias.

Estaríamos mais tranquilos caso de fato houvesse a intenção de fazer valer a auto suficiência que poderíamos ter na produção de óleo e gás. Pagamos o preço internacional, quando poderíamos ter gasolina barata, usufruindo o povo das benesses de ter petróleo em abundância e uma empresa de excelência como essa.

Contudo, esse não parece ser o objetivo final do governo. Pelo menos não diante da redução dos níveis de produção das nossas refinarias e da crescente importação de derivados de petróleo – que poderíamos produzir aqui, a preços menores, gerando riquezas e empregos para brasileiros. Acende a luz de alerta para a possibilidade de que a movimentação do governo tenha a ver com uma nova tentativa de sucateamento da Petrobras para a alienação das inestimáveis riquezas do nosso subsolo.

Para entender o tamanho do prejuízo que teríamos com a perda de valor de mercado da gigante estatal, que há tempos cumpre o papel estratégico de motor do desenvolvimento nacional, vale a pena voltar à década de 2000. Foi quando com a descoberta do pré-sal e o início de sua exploração naquele período, o país deu um importante passo para se tornar uma das maiores economias do mundo.

Na época, para garantir que a riqueza do pré-sal fosse destinada a melhorar a vida do povo, o governo criou, por exemplo, o Fundo Social do Petróleo, que destinava 75% dos royalties da exploração do pré-sal para a Educação e 25% para a Saúde. Ainda que os acontecimentos políticos dos últimos anos tenham dado nova destinação dos lucros da exploração do petróleo, a Petrobras continua a ser um dos principais patrimônios nacionais. Uma empresa construída com a força, a capacidade e a engenhosidade do povo brasileiro.

Qualquer mudança em suas políticas deve ser feita com responsabilidade, pois a história recente nos mostra que é imprudente tentar controlar mercados complexos como o de óleo e gás na base da canetada. O tiro pode sair pela culatra, fazendo com que a empresa perca autonomia, capacidade de produção e de geração de empregos, reduzindo sua participação no mercado nacional em relação aos concorrentes estrangeiros. O que vale não apenas para a Petrobras, pois o atual governo dá indicações de que a Eletrobras e os Correios também estão no paredão.

Conteúdo Relacionado

Lula 3 e os sinais da economia – Marcos Verlaine

O economista Paulo Gala — que é professor na FGV-SP e conselheiro da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo) —, fez...

Sentido de realidade – Carolina Maria Ruy

Dizem, alguns jornalistas, que as tal das sabatinas são melhores que os debates. Não acho. Em geral os jornalistas que fazem as perguntas não...

Sincomerciários de Jundiaí intensifica luta por aumento real – Milton de Araújo

Com a chegada da data-base para o comércio varejista e atacadista em geral (1º de setembro), o Sindicato dos Comerciários de Jundiaí e Região...

Vote pela democracia e pelo desenvolvimento – Chiquinho Pereira

O Sindicato dos Padeiros de São Paulo, fundado em dezembro de 1930, é uma entidade sindical muito importante para os trabalhadores e trabalhadoras.Trabalhamos na...

Manchete e editorial – João Guilherme Vargas Netto

O Globo de domingo (1º/9) deu capa com manchete denunciando que “O Brasil já tem 153 patrões investigados por coação eleitoral”. E, em matéria...