Na época da ditadura ficou famosa a frase do ministro Delfim Neto: “Primeiro vamos fazer o bolo crescer pra depois distribuir”. O fato é que o regime impôs uma política de forte arrocho salarial e o tal bolo nunca foi dividido.
O então metalúrgico Lula sentiu na pele aquele arrocho. Anos depois, já na condição de líder sindical, ele liderou várias greves pela recomposição das perdas inflacionárias e valorização salarial.
Qual a diferença entre a época de hoje e da ditadura? A diferença é que Lula governa buscando distribuir renda. Isso fica claro na política de valorização do salário mínimo. O orçamento da União pra 2025 indica que o mínimo subirá 6,87% frente a um INPC acumulado de 3,82%.
O salário mínimo remunera perto de 38 milhões de brasileiros, entre trabalhadores da ativa, aposentados e pensionistas. Um aumento pra esse contingente repercute na economia e estimula o mercado interno.
Economistas calculam que este ano nosso PIB pode crescer 3%. É um crescimento acompanhado de mais empregos formais, aumento no valor médio dos salários e ampliação de programas sociais importantes, como o Bolsa-Família e o Minha Casa, Minha Vida.
Ou seja, está provado que o bolo da economia pode crescer e ao mesmo tempo distribuir fatias pra população. Essa distribuição tem um efeito cascata, com aumento no consumo de alimentos, remédios, roupas e serviços. E tudo isso fortalece o mercado interno.
O acesso ao alimento mais barato faz uma revolução na vida das pessoas. Primeiro porque elas se alimentam melhor. Segundo, a pessoa fica mais forte e adoece menos. Terceiro, o consumo de proteínas ajuda no desenvolvimento cerebral das crianças e no aprendizado.
Pouco adiantaria crescer, dividir o bolo e a inflação disparar. Felizmente isso não acontece em nosso País. O Dieese faz todo mês pesquisa nacional da cesta básica. A boa notícia é que em julho e agosto os preços dos produtos dessa cesta caíram nas 17 Capitais pesquisadas.
PLR – Nosso Sindicato também trabalha pela divisão do bolo. Isso acontece de várias formas, mas principalmente por meio de acordos que garantam aos trabalhadores receber a PLR – Participação nos Lucros e/ou Resultados nas empresas.
Agora, 600 mil metalúrgicos ligados à Força Sindical começam a campanha salarial. E o item principal é aumento real para Pisos e salários em geral. Dia 27, haverá assembleia no Sindicato e todo trabalhador da nossa base pode participar, a fim de elegermos a pauta de reivindicações. Essa pauta será encaminhada aos patrões.
Esperamos que o patronato tenha boa vontade e disposição de negociar. O Brasil cresce e a economia melhora. Com isso, as empresas ganham mais. Se ganham mais, devem melhorar os salários e dividir o bolo com seus trabalhadores. É justo, não é?
Ricardo Pereira de Oliveira, Presidente interino da Diretoria Metalúrgicos em Ação E-mail: ricardo@metalurgico.org.br Facebook: /ricardosindicato.metalurgicos