Com seu negacionismo científico e seu oportunismo político, Bolsonaro segue zombando dos mais de 163 mil mortos até agora pela Covid-19. Na terça-feira (10), ele festejou a sinistra decisão da Agência de Vigilância Sanitária (Anvisa) de suspender os testes com a vacina produzida pela indústria chinesa Sinovac. “Mais uma que Jair Bolsonaro ganha”, postou.
A suspensão temporária da vacina – que logo foi revogada – ocorreu após a morte de um voluntário da fase de teste. A informação, porém, é que o jovem cometeu suicídio, que nada teve a ver com o imunizante. O Instituto Butantan, parceiro da farmacêutica chinesa, afirma que foi pego de surpresa pela ordem da Anvisa.
Um politiqueiro insano e genocida
Mesmo ciente dessa informação, o genocida que preside o Brasil preferiu politizar o caso e atacar João Doria, o governador tucano de São Paulo, seu ex-aliado e pretenso rival nas eleições de 2022. “Morte, invalidez, anomalia. Esta é a vacina que o Dória queria obrigar todos paulistanos tomá-la (sic)”, postou o politiqueiro.
O insanidade de Bolsonaro gerou imediata reação. O Comitê Internacional Independente, órgão que avalia os ensaios de vacinas no mundo, recomendou que a Anvisa autorizasse a retomada dos testes. O mesmo foi feito pelo Conselho Nacional de Ética em Pesquisa. Já o Supremo Tribunal Federal (STF) deu 48 horas para que a Anvisa explicasse a suspensão. Toda essa repercussão negativa forçou o rápido recuo do órgão.
O milico bolsonarista que preside a Anvisa
A ação criminosa – que poderia até resultar na abertura de processo de impeachment – não é só do insano Jair Bolsonaro. Outro que deve explicações à sociedade é o presidente da Anvisa, Antonio Barra Torres. O órgão passa por visível aparelhamento político, sendo ocupado por militares e velhacos do Centrão.
Matéria publicada na Folha em 22 de outubro passado informou que “a lista de novos diretores da Anvisa reúne um militar muito próximo ao presidente Jair Bolsonaro (sem partido), um apadrinhado do bloco político do ‘Centrão’ e uma médica defensora do uso da hidroxicloroquina contra a Covid-19”.
“O nome mais conhecido é o do diretor-presidente da Anvisa, o contra-almirante da Marinha Antonio Barra Torres. O militar já vinha atuando como diretor na agência e desde janeiro respondia como diretor-substituto… Ele passou 32 anos na carreira militar e chegou ao terceiro posto da hierarquia da Marinha”.
“O militar é considerado muito próximo ao presidente. Em março, ele apareceu sem máscaras ao lado de Bolsonaro em uma manifestação a favor do presidente [aquele ato fascista pelo fechamento do Congresso e do STF], contrariando a orientação da equipe de saúde do governo, que pregava o distanciamento social”.
A covardia do ministro Pazuello
Em mais essa ação genocida do presidente no enfrentamento ao coronavírus também vale citar o ministro da Saúde, o acovardado general Eduardo Pazuello. Na polêmica sobre a suspensão dos testes com a vacina da Sinovac, ele simplesmente tomou chá de sumiço. Será que a boquinha no ministério justifica tanta omissão?
Antes de pegar a Covid, o milico até defendeu a compra de um lote da vacina produzida pela farmacêutica chinesa em parceria com o Instituto Butantan. Após ser humilhado publicamente pelo capitão-presidente, o general demonstrou todo o seu servilismo. “Um manda o outro obedece”, afirmou numa cena constrangedora ao lado de Bolsonaro. Agora, ele está quietinho – o que deve até envergonhar alguns generais mais altivos.
Altamiro Borges – Jornalista e presidente do Centro de Estudos da Mídia Alternativa Barão de Itararé.