A democracia é uma flor frágil no Brasil.
Esta fragilidade ficou demonstrada em diferentes episódios da nossa história.
Ela está associada à impunidade que a direita autoritária, neofascista, desfruta no Brasil pelo menos desde o golpe militar de 1964.
Diferentemente do que ocorreu na Argentina, em nosso País nenhum torturador, sicário ou terrorista do regime teve por destino a cadeia ou respondeu pelos crimes que cometeu, muito menos os generais presidentes.
Aposta na impunidade
A impunidade atiça o espírito golpista dos extremistas da direita e foi uma aposta daqueles que ficaram abrigados diante dos quartéis de Brasília e protagonizaram os acontecimentos do 8 de janeiro.
Em defesa da liberdade e do fortalecimento da democracia brasileira é imperioso combater a impunidade.
A ofensiva no Parlamento para anistiar os golpistas do 8 de janeiro e encaminhar um processo de impeachment contra o ministro Alexandre de Moraes, do STF, são novas empreitadas do bolsonarismo contra a democracia, que também ferem a Constituição Federal e podem encaminhar o País na direção de uma crise institucional.
As duas ações têm o propósito não confessado de favorecer os interesses pessoais do neofascista Jair Bolsonaro, que cometeu inúmeros crimes na Presidência, do negacionismo genocida e ações golpistas até o roubo descarado de joias, e quer evitar a cadeia.
Nisto reside a razão do ato de 7 de setembro na Paulista e da agenda bolsonarista no Congresso Nacional.
Narrativa falsa
O ex-presidente vende a imagem de um indivíduo inocente perseguido por um ministro ditador, ao mesmo tempo em que nega o caráter golpista dos atos de 8 de janeiro, quando as sedes dos três poderes da República foram invadidas e vandalizadas por bolsonaristas.
A narrativa do ex-capitão, que em 2016 homenageou o torturador-mor do Brasil, não corresponde à realidade dos fatos.
O 8 de janeiro foi claramente uma iniciativa golpista que só malogrou em função de dificuldades objetivas, incluindo a falta de maior apoio nas Forças Armadas e nos EUA.
A existência de uma minuta golpista indica certamente a participação proeminente do ex-presidente e outras autoridades do seu governo na preparação do malfadado golpe, cujos autores devem ser punidos na forma da Lei.
Bolsonaro e o bolsonarismo são a expressão nacional do neofascismo.
O neofascismo é a negação da liberdade e da democracia, a prevalência da barbárie sobre a civilização.
Deve ser combatido com todo o vigor pelas forças democráticas e, em particular, pela classe trabalhadora e seus representantes.
Adilson Araújo, Presidente da CTB (Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil).