A oposição política ao governo Bolsonaro está desorientada porque acredita em sua remoção imediata, sem ter meios para fazê-lo.
De uma maneira voluntarista aposta nas ruas ou em uma conspirata das elites, sem que ambas (as ruas e as elites) se encontrem ou, pelo menos, não trombem entre si.
Ao se desorientar, a oposição política ao governo deixa de fazer aquilo que seria o essencial: aproximar-se da massa de milhões de brasileiros amedrontados pela doença, desempregados e desalentados, sem condições de sobrevivência e com fome, apresentando-se à população como sua porta-voz e criando uma verdadeira barreira oposicionista do povo contra o desgoverno e o golpismo do capitão.
Em vez de denunciar o escorchante aumento do custo de vida e do preço da luz e do gás, ou a catástrofe energética que nos ameaça e de exigir o auxílio emergencial de R$ 600,00 e trabalhar efetivamente para obtê-lo, costeia o alambrado com arremedos de medidas radicais, enfrentadas pelo bolsonarismo com seu arsenal de cooptações, aglomerações, provocações, motociatas ou medidas que podem ter impacto na população pobre, bestializada pela doença (expressão de Aristides Lobo).
Em que medida a desorientação da oposição política ao governo Bolsonaro afeta a direção sindical dos trabalhadores?
Pelo momento conseguiu desviá-la da VIA unitária trilhada pelo movimento desde, pelo menos, maio do ano passado, levando as direções a ceder ao apelo movimentista das ruas (que viola o sentimento amedrontado da população) e as afastando de suas bases organizadas, deixando-as, com raríssimas exceções, desamparadas.
Embora pareça correto e natural, “normalizado” juntamente com meio milhão de mortos, o erro da oposição política ao governo Bolsonaro e sua influência desorientadora na ação sindical custarão caro aos trabalhadores e a todo povo brasileiro, a curto, a médio e a longo prazos.
João Guilherme Vargas Netto – Consultor sindical e membro do Diap.
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